Obrigada pela Visita

Relatos de uma mudança de contexto... onde a vida nos leva! Fiquem para acompanhar, tudo se baseia em factos verídicos, são mesmo verdadeiros estes momentos!



terça-feira, 13 de junho de 2017

Queres vir?

Era uma vez o Pito Moquês, rapaz trabalhador e honesto que residia numa povoação perto do castelo Del Rei D. Dinis.
Saiu numa manhã decidido a ir falar com Sua Alteza. O Rei prometeu-me dois alqueires de pão e de trigo e cinco moedas para o caminho, vou lá que mos dê (dizia ele).
Pelo caminho encontrou um rato que lhe perguntou:
-Onde vais tu, Pito Moquês tão apressado?
-El Rel prometeu-me dois alqueires de pão e de trigo e cinco moedas para o caminho, vou lá que mos dê. Queres vir?
-Sim- disse o rato.
-Então salta aqui para o meu cu.
E assim fez.
Mais á frente encontrou uma raposa que lhe perguntou:
-Onde vais tu, Pito Moquês a esta hora?
-El Rel prometeu-me dois alqueires de pão e de trigo e cinco moedas para o caminho, vou lá que mos dê. Queres vir?
-Sim- disse a raposa.
-Então salta aqui para o meu cu.
E assim fez.
Já perto do castelo, passou pelo rio que lhe perguntou:
-Onde vais tu, Pito Moquês com tanta pressa?
-El Rel prometeu-me dois alqueires de pão e de trigo e cinco moedas para o caminho, vou lá que mos dê. Queres vir?
-Sim- disse o rio.
-Então salta aqui para o meu cu.
E assim fez.

Chegou ao castelo e já cansado bateu na porta e mandou chamar o Rei. 
Claro que ninguém o levou a sério e em vez disso prenderam-no a uma árvore do lado de fora das muralhas do castelo. Pito Moquês dá um peido e liberta o rato. E pede-lhe que lhe morda as cordas, ele assim fez. 
Já livre volta a bater na porta.
-Eu já disse que quero falar com o Rei. Ele prometeu-me dois alqueires de pão e de trigo e cinco moedas para o caminho, só vou daqui quando mos der.
Os soldados decidiram fechá-lo no galinheiro, onde podia berrar que ninguém o ouvia. Pito Moquês deu mais um peido e libertou a raposa. Ela toda contente comeu as galinhas todas. 
Passado um pouco alguém por ali passa e vai logo alertar os soldados do que tinha acontecido. E mais uma vez Pito Moquês diz:
-Eu já disse que quero falar com o Rei. Ele prometeu-me dois alqueires de pão e de trigo e cinco moedas para o caminho, só vou daqui quando mos der.
Os soldados já a ficarem chateados decidem atirar com ele para as masmorras. 
-Arre Homem chato, que ainda não percebeu.
Eis quando passado um tempo, Pito Moquês dá mais um peido e liberta o rio todo. Era ver a água a subir e e facilmente conseguiu sair das masmorras.
Os soldados não tiveram outro remédio senão levá-lo ao Rei, que tal como prometido lhe deu dois alqueires de pão e de trigo e em vez de cinco, dez moedas para o caminho.


Novas ordens reais



Era uma vez, uma raposa matreira que queria comer um galo espertalhão que lá vivia na floresta.
Certo dia, estava ele empoleirado no cimo da árvore e diz-lhe a raposa:
-Anda cá para baixo galo. Que eu não te faço mal.
-Deixa estar, estou bem aqui.
-Olha que El Rei emanou umas ordens novas em que todos os animais devem ser amigos. Por isso podes ficar tranquilo.
-Não sei, não.
-É verdade, eu até as tenho aqui e se desceres já tas mostro.

De repente vem uma matilha de cães enraivecidos, ávidos de apanhar a raposa. E ela começa a correr com todas as suas forças. Diz-lhe o galo:
-Mostra-lhes as ordens, mostra-lhes as ordens.

domingo, 11 de junho de 2017

História do Lobo

Iam pelo bosque escuro, já de noite, três estudantes, a caminho de uma jantarada, fugidos da residência sem que ninguém desse pela sua saída. Alguém lhes tinha falado num petisco "PAIO", que mais não era do que codornizes na brasa.
Ansiosos pelo petisco e já de água na boca, eis que se cruzam com um lobo morto no caminho. Diz um dos estudantes:
-Aquele que disser a mais pura das verdades sobre a vida deste lobo, não paga o jantar.
-Assim seja! (disseram todos)
E depois de algum tempo a pensar diz um deles:
-Em toda a vida que levou, este lobo tudo comeu e nada pagou!
-Muito bem, é verdade (disseram os outros). Foram andando e sempre a pensar e diz um outro:
-Enquanto este lobo foi vivo, comeu tudo cru e nada cozido.
-É verdade, sim senhora tens razão.
Só faltava um, que depois de muito pensar disse:
-Já sei! De todas as sestas dormidas, este lobo nunca teve nenhuma como esta.
-Ora diabos (disseram eles) como vamos decidir?
À entrada do restaurante encontraram um soldado que vinha de passagem. E após contarem a história pediram-lhe que decidisse qual era a verdade mais pura. Ao que responde o soldado:
-Foram todas muito boas e todas com grande verdade, fazemos assim pagam todos o jantar, dividem pelos três e pagam quatro, assim ninguém perde.
E eles aceitaram. Pois esta era a verdade mais pura, ninguém perde e o soldado sai a ganhar.

FIM

sábado, 10 de junho de 2017

Regresso

Após quase 5 anos sem escrever, decidi reanimar o meu blog, reencontrar-me numa actividade que sou eu e que me dá um prazer imenso. Mas ainda não quero falar de mim, nem pensar muito, quero apenas começar por escrever. Vou transcrever os contos populares e as histórias que o meu avô me conta, sim porque tenho a sorte de ainda as ouvir e porque não as quero de todo esquecer, vou partilha-las com quem esteja interessado em aprender. O meu avô tem 81 anos e estas histórias foram-lhe contadas pelo seu avô, logo falamos aqui de um tesouro hereditário, de uma preciosidade com mais de um século. Estórias que falam em reis, em raposas e em alqueires (para quem não sabe equivale a 13 kg actualmente), um celemim (uma taça) e outras que iremos aprender. É uma viagem que vos convido a fazer... ao passado, ao imaginário, mas acima de tudo às noites divertidas, onde deitados no chão a ver estrelas o avô nos encantava... enquanto adormecia umas três ou quatro vezes nos entretantos das aventuras.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Ganhei uma cabra...

Numa festa local houve um sorteio de rifas, cujos prémios eram: 2 coelhos (3ºlugar), 2 galinhas (2ºlugar) e uma cabra (1ºlugar). Como sou uma rapariga de sorte e quis "Deus" que assim fosse saiu-me a sorte grande... uma cabra!!! De inicio fiquei estupefacta, o meu neurónio superior ligado à emoção achou logo que era destino, por ser neta de um avô pastor, que deveria seguir o seu legado. Imaginei-me de bata branca a fazer queijos de cabra (sem fazer a mínima ideia de como se fazem), a ordenha diária e os passeios que faríamos as duas a saltitar pelos campos floridos.... mas a primeira coisa que me dizem é:
-Ainda bem que te saiu a ti, quando a vais matar para fazermos uma chanfana?
Quis o destino que a cabra também fosse uma sortuda e o dono avisou que ela podia estar "pranha" (grávida), logo não a podiam matar já. Veio para minha casa, a minha avó juntou-a com a ovelha (a Rosita para quem ainda se lembra) e tem levado uma vida tranquila. Segundo a minha avó não parece ser verdade que vá ter cabrititos, mas ela tem um ar tão querido que já conquistou o meu coração... para todos os efeitos irá morrer no parto e fim da história... (lá terei que sacrificar outra cabra para a chanfana).

quarta-feira, 11 de julho de 2012

30 Anos...

Cheguei aos 30... e com eles a dolorosa confrontação com a vida, a comparação entre o que se queria ter e ser e aquilo que existe... é complicado, marca uma etapa nova, uma nova responsabilidade e uma forçosa necessidade de "crescer" e tornar-se definitivamente a mulher que se é, aceitando o que se obteve. Hoje dei-me conta de algo mais com esta idade aprendemos a aceitar as perdas, a perceber que nada é eterno e que vale mais só, que rodeada de pessoas com quem não nos identificamos. Percebemos que não precisamos agradar, que há pessoas que não temos que manter na nossa vida e simplesmente não fazem falta. Deixamos de aceitar críticas de quem nada sabe acerca de nós, nem é exemplo para apontar o dedo, percebemos que cada pessoa a seu tempo irá chegar lá, caso contrário também não nos importa. 
Acho que "crescer" é mesmo isso, perceber quem importa e quem está a mais. 
Felizmente no que toca às amizades cabe-nos a nós decidir quem fica e quem sai da nossa vida, de amigos de circunstância e que não sabem valorizar nem reconhecer o que foi feito por eles estou fora! Um grande amigo meu costumava dizer que na amizade ou se dá ou se empresta e tudo o que fiz ou dei foi sem exigir nada em troca, quem sente que estou em dívida é porque provavelmente só sabia emprestar...  Há amizades que valem pelo tempo que duraram, pelos momentos passados e são importantes no tempo em que decorreram, no passado. Entendemos que por vezes as pessoas se afastam por motivos vários, mas se não estão no presente é porque deixou de fazer sentido essa relação. Se a memória mo permitir hei-de recordar e amar esses amigos que existiram no passado. mas os verdadeiros esses estarão sempre ao meu lado, assim vou abrindo espaço a que novas amizades surjam. O horizonte é o futuro, não vivo de ressentimentos nem com pena do que deixei por dizer ou fazer. Aos 30 percebemos que o único responsável e o único culpado da nossa felicidade ou infelicidade somos nós próprios, estou de bem com o passado e de melhor ainda com o presente :D Vivam os 30 e esta aprendizagem toda!!!! 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Não consigo aceitar...

"Não viva para que a sua presença seja notada,
mas para que a sua falta seja sentida..."





Hoje é um dia triste, morreu um conhecido meu... Alguém a quem me habituei a ver crescer, desde miúda que me lembro dele ...nas festas da aldeia, a tocar o bombo no S. Brás, no grupo de jovens e depois devido à vida profissional e percursos diferentes fomos ficando mais distantes mas quis o destino que ambos regressássemos ao interior e às aldeias que nos viram crescer, ele como polícia e eu como psicóloga. Depois era hábito vê-lo fardado... tal como é natural respirar e comer... e agora assim sem mais nem menos ele morreu!!! Não consigo perceber como é possível que tenha tido tantas oportunidades para falar com ele e conhecê-lo melhor mas nunca o fiz... fui sempre deixando para outro dia, porque afinal de contas ele iria estar sempre por perto... Não consigo aceitar que as pessoas desapareçam assim tão de repente, não estava preparada e pode parecer estúpido e egoísta este meu pensamento mas eu amanhã quero passar por um gnr e ver que é ele, quero vê-lo no S. Brás simplesmente porque me habituou à sua presença e perdi todas as possibilidades de o conhecer melhor...  Não consigo aceitar que nos toque tão perto a maldita morte... Não consigo deixar de me arrepender por todas as conversas que nunca tive com ele... Onde quer que estejas desculpa... talvez nunca eu te tivesse feito falta, mas acredita que vou sentir a falta da tua presença. Não me consigo conformar que a ultima vez que te vi tivesse sido de facto a última... Lamento tudo o que passaste e no fundo espero que não tenhas sofrido... há vidas que são vividas para nos lembrarem que existe um fim e que as oportunidades são mesmo para não ser desperdiçadas. Obrigada J.S. contigo aprendi uma grande lição... Descansa em paz amigo...