Fui à praia com os meus avós, precisei de ir lá perto e achei que era uma boa oportunidade de me acompanharem, poderiam conhecer a casa e dar um passeio. Claro que aceitaram na certeza e convição de que me iam fazer um favor... por mais que o tempo passe continuam a ver-me como uma criança que está a necessitar de companhia e de vigia, porque é demasiado pequena para ir sozinha... a verdade é que foram e fiquei feliz por lhes proporcionar uma saída e uma nova descoberta.
A viagem correu bem e lá fomos, tinha-os avisado para levarem fato de banho e a minha avó escandalizada respondeu:
"Deus me livre de meter uma coisa dessas! Era o mesmo que ir nua! Credo... levo uns calçoes pelo joelho e está mais que bem e o teu avô também leva uns calções."
Chegamos a praia e como era fim de semana estava cheia, a minha avó de sapato fino de Domingo e o meu avô também e com camisa branca e o chapéu típico que ele nunca tira e usa nos momentos importantes. Com alguma dificuldade lá nos sentamos à beira mar e tinha reparado que a minha avó levava um saco grande, daqueles azúis do IKEA que a minha mãe lhe tinha trazido... pensei que fossem as toalhas mas também achei que era grande demais mas sinceramente nem perdi muito tempo a pensar nisso... quiseram ir molhar os pés, de mãos dadas com cuidado lá vão eles. Acompanho-os e vou tirar as calças para não as molhar, pois tinha o biquini por baixo da roupa. A minha avó olha-me com cara de reprovação e moralismo...
"- ai andas aqui de cuecas", diz-me ela e nem se atreve a olhar-me mais. O meu avô diz que se sente melhor das pernas, que a àgua do mar lhe faz bem! E está descontraído, até me diz:
"- Lá no Brasil andavam com menos roupa, a tua avó não sabe nada!"
Estava um daqueles dias de ondas fortes, com bandeira amarela e havia bastante corrente, o mar puxava com força e eles tinham dificuldade em se equilibrar. O meu avô já estava a molhar a camisa e pediu-me que a levasse para a toalha. Então diz-me a minha avó:
"- Oh Patrícia já que lá vais traz os garrafões para enchermos de àgua do mar!" (afinal era isso que vinha dentro do saco, 2 garrafões de 5 litros e 3 garrafas de litro e meio). Lá os levo e pensei "mas que vergonha o que irão pensar estas pessoas que estão na praia"... E lá os fui encher... um por um!!!
O certo é que me convenci que era para a saúde dos meus avós (ao menos a nível psicológico funciona) e que não conhecia ninguém portanto pouco me importaria o que pensassem...
Infelizmente consegui ouvir alguns dos pensamentos... um grupo de rapazes jovens dizia:
"- olha aquela agora chega a casa enche a banheira e acha que está na praia"
um casal dzia entre si:
"- olha estes vieram roubar àgua ao mar... não devem ter em casa"
O pai dizia para os filhos:
"- olha só para aquilo e risos!"
mas a melhor que ouvi foi:
"- Mas será que ninguém a avisa que esta água não serve para beber?!"
E pronto carregada de 14 litros e meio de àgua, sal, areia e muita mas muita vergonha regresso a casa sã e salva... ou melhor dizendo salgada :)