O cenário é horrendo e ao mesmo tempo encantador… ouve-se o crepitar da madeira, o estalar dos pinheiros e o cheiro é imundo, um cheiro que nos entranha no cabelo, na roupa e na pele… cheira a queimado, tudo ardeu em nosso redor, está calor e a imagem é sombria… no entanto o fumo a subir, o tom cinzento como se fosse um nevoeiro que nos envolve, remete-nos para paisagens de bosques encantados onde se está a amanhecer… a adrenalina sobe, sentimo-nos úteis, sentimos que pertencemos a algo, a uma comunidade, estamos juntos por um propósito que é combater o fogo e impedir o seu alastramento. Quando olhamos em volta as pessoas choram, algumas gritam porque lhes é retirada a simbologia hereditária e familiar associada aquele espaço, para além de verem queimadas as culturas que tanto trabalho lhe deram e vai haver prejuízo e perda … no entanto hoje percebi porque se é bombeiro e porque essa profissão é tão aliciante para algumas pessoas… a adrenalina que dá estar ali naquele espaço cria vício. Continuo a admirar quem o faz com gosto e espírito voluntário, porque cada pedaço de terra salvo faz-nos sentir heróis, capazes e necessários. Nos dias que correm cada um depende de si próprio apenas, mas num incêndio há espírito de grupo e inter-ajuda! Ser bombeiro é viver em adrenalina, arriscar a própria vida e salvar o próximo, a todos vocês… Obrigada!
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