Obrigada pela Visita

Relatos de uma mudança de contexto... onde a vida nos leva! Fiquem para acompanhar, tudo se baseia em factos verídicos, são mesmo verdadeiros estes momentos!



quarta-feira, 23 de junho de 2010

Aliens

Estamos a preparar a Festa de São João, uma festa popular que vai ser vivida com muita animação e como, para variar, deixamos tudo para o fim, assim estive com uma colega até à 00h30 a terminar os preparativos.

Sai de casa dela e fui para minha casa, ao chegar ao portão olho para o céu e vejo uma estrela cadente muito forte mas juro que era em tons esverdeados e tão clara que me pareceu ter caído na minha vinha.

Estava sozinha e comecei a pensar em extraterrestres, em quedas de meteoritos, em satélites... eu sei lá acho que até no big bang eu pensei. A verdade é que fiquei cheia de medo e a tremer toda. 
O telefone toca, era o namorado e senti-me aliviada de falar com alguém, ele como é óbvio gozou comigo mas fez-me companhia até me acalmar. Lá me fez entender que se tivesse caído alguma coisa do céu teria provocado uma cratera enorme e estremecido o chão, logo não podiam ter caído na minha vinha...

Entretanto vou a net e lá encontro informação sobre uma chuva de estrelas característica nesta altura do ano e prevista para essa noite, nomeadamente lia-se na Revista "Ciência Hoje"


"Pequenos meteoros brilhantes vão ser visíveis na próxima terça-feira, se o tempo o permitir, numa chuva de estrelas visível sobretudo na Ásia e que é provocada pela entrada na atmosfera terrestre de restos de cometas. Trata-se daquilo a que vulgarmente chamamos estrelas cadentes e que são restos deixados pelos cometas na sua órbita em volta do Sol em locais que a Terra atravessa periodicamente, segundo disse à Lusa o astrónomo e biólogo Pedro Ré.


Embora se possam fazer observações em Portugal, os melhores locais serão a Ásia central e oriental, se o céu não estiver nublado.
Chama-se Leónidas a este fenómeno anual, em que a Terra segue numa determinada direcção no seu movimento de translação e os meteoros vêm da direcção da constelação de Leão (Leo), sendo alguns deles bastante brilhantes."


Correcção Sr. Pedro Ré o melhor sitio para as ver é do meu portão....




E para que todos saibam a Ásia parece ser já na minha vinha... será que este ano em vez de vinho dá Saquê?!


quarta-feira, 3 de março de 2010

Ovelhas

Hoje tenha mais uma aventura para contar...

Chego eu do trabalho, onde exerço uma posição social com alguma exigência a nível da apresentação (não que a respeite, mas aqui um dos critérios de inteligência é a roupa que usas e não o que sabes... mas divagações à parte) e venho com os meus saltos altos e calcinha vincada com casaquinho a combinar e os meus avôs não estão em casa... o que é estranho pois já estava a escurecer.

Decidi telefonar-lhes para o telemóvel (sim já têm e sabem atender e chamar alguns números) e o meu avô diz-me que foi ajudar um vizinho a ensacar as batatas (o que significa que o sr. conseguiu que alguém lhe comprasse batatas e é preciso selecciona-las e coloca-las em sacos de 20 kg). E pediu-me se lhe podia arrecadar as ovelhas (o que significa que elas estão num terreno a pastar e é preciso levá-las para a côrte- local onde ficam a dormir, também designado de cabanal).

E lá vou eu toda airosa e pensando que os meus avôs paternos eram pastores, logo poderia ter herdado algum talento, para além disso o meu signo é carneiro e tudo indicava que seria tarefa fácil, inclusivamente já tinha visto o meu avô a ir buscá-las e bastava fazer um som como um "cleck cleck" que se consegue deixando passar algum ar para dentro entre a língua e os maxilares, como se fosse um estalo (algo simples na realidade, não é nenhuma ciência, nem talento para meus males).

E são 5 ovelhas, não é propriamente um rebanho... Abro a cancela e faço o tal som para que me sigam.... nada disto aconteceu desatam cada uma a correr para seu lado, já fora da cancela e perto da estrada nacional... eu tento pará-las, chamo-as (apenas sei o nome de uma que é a rosita, as outras são filhas, netas e um enteado). Nenhuma me liga e correm ainda mais e nesse momento começa a chover mas mesmo a trovejar e chuva forte... começo a desesperar corro feita doida atrás delas e os pés enterram-se na lama, os meus saltos altos ficam nojentos, as minhas calças e estou a ficar toda molhada...
Agarro num pau que lá está e continuo a correr, tento encurrala-las e voltar a po-las dentro da cerca mas não consigo... pareço uma doida... e acho que já perdi algumas, deixa ver 1..2...3.4.. e a outra? Será que está na estrada?

Encontrei-a e percebi que as outras a seguiam, era o carneiro (o tal enteado da rosita), pelo menos acho que é pois não parece ter tetas e tem uns cornos maiores... neste momento tudo vale, observo-o e tento que se aproxime de mim, largo o pau para que não se assuste e finjo dar-lhe comida. Quando se aproxima agarro-o pelos cornos (sim sujeita a levar uma marrada, mas nesta hora já estava a desesperar) e fui-o encaminhando para a côrte, as outras seguem-nos. Ele bem se debate mas eu estou quase em cima dele e agarro-os com os dois braços, com toda a minha força, puxo-o para baixo, pareço uma toureira e só que em vez de touro mecânico seguro-me ao carneiro furioso e molhado.

Consegui leva-las todas para o sitio indicado e quando finalmente fechei a porta percebi que tinha corrido um risco enorme, que podia ter corrido mal e que os talentos não são herdados são trabalhados e até pode ser que tenha o bichinho da vida pastoril mas... tão cedo não me volto a arriscar!!

Foi uma aventura e sobrevivemos, pelo menos eu... elas por mais uns dias depois foram cozinhadas! Mais valia terem fugido naquela tarde chuvosa...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Mentalidades

Como já devo ter dito os meus avós residem aqui perto e essa proximidade tem sido muito estranha... é bom estar com eles, mas como nos víamos uns fins de semana de mês a mês, quando vinha passar as férias escolares ... eles não percebem que tenho uma idade diferente e que já sou "crescida". Ficam preocupados e as mudanças gerem-lhes muita confusão.. o que é normal nas suas idades.... mas não na minha!

No outro dia o meu avô virou-se para mim e disse:

-Filha, se quiseres sair o avô deixa-te ir ao café um bocadinho ao Domingo à tarde.

O QUEEEEEEE???

Estão a imaginar a minha cara?! Sim até porque mesmo que queira sair não existe muito onde ir e este "café" entenda-se que é uma taberna de aldeia com cerca de 4 a 5 homens com média de idades 68 anos e com uma taxa de alcoolémia superior a 0.5 mg/l
Estou feita...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Manual da Lareira

Aqui estou eu e logo em Janeiro é que fui começar este emprego... Talvez me tenha esquecido de referir mas esta aldeia chega a atingir temperaturas negativas durante o Inverno, aliás é uma das zonas mais frias de Portugal Continental.
Daí o nome deste blog: "Conversas da Lareira", esta foi uma das primeiras coisas que tive que começar a aprender - a acender a fogueira e pior a mantê-la acessa, sem as acendalhas... acreditem não é fácil.

Manual da Lareira:

1º Ter lenha seca disponível (o que os meus avós facilitaram)
2º Começa-se a encavalitar a lenha, 1º a mais miúda (termo utilizado para designar ramos, pequenos paus, jiestas e pinhas), depois as cavacas e cepos (termo utilizado para troncos de árvores);
3º Fósforos para acender as pinhas e depois ir mantendo lenha, não muita para deixar respirar e não pisar a lenha miúda, senão apaga-se;
4º ir soprando e se possível ter alguma corrente de ar se a lareira não fumegar (termo utilizado para a saída do fumo provocado pelo fogo)

Para além disso é necessário referir que apenas fica quente a cozinha (local onde tenho lareira) para além de ser onde passo mais tempo a cozinhar, lavar a louça e ver televisão (que só apanha a SIC e é de vez em quando).
Antes de ir para a cama é necessário aquecer água e preparar o saco de água quente...
A roupa fica toda com cheiro a fumo, mas com o frio que faz e como raramente pára de chover não a posso lavar pois não tenho máquina de secar a roupa e vou ter que adquirir um estendal... Também o bom do frio é que se perde o olfacto... ou será que fui só eu e ando a cheirar mal?!

Ninguém nos prepara para o frio, em casa não adianta usar roupa, lá fora está um frio que gela completamente o corpo e a alma, só para terem uma ideia fiquei com cieiro nos lábios e daí passou para o queixo... que como se supõe é uma imagem horripilante... mas a vantagem deste frio é que se pode usar cachecol e disfarçar estas mazelas que nos revelam as fragilidades de quem já não tem imunidade a estas temperaturas... Será que perdi o olfacto porque o tapo com o cachecol.... oh não por favor digam-me que não cheiro mal!!!


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Spooky lella


Ora bem a citadina lá começa o seu trabalho... 


1º dia sem stress conhecer colegas e equipa, não simpatiza muito e para variar faz os seus preconceitos iniciais e ideias pré-concebidas que nunca correspondem à realidade... engano-me sempre.


Lá vou conhecer algumas pessoas com quem trabalhamos e eis que me deparo com uma casa de etnia cigana, com uma cachorra acabada de ser mãe há alguns mesitos e com uns lindos e fofos cachorritos a deambular, batemos à porta e não está ninguém em casa, os cachorrinhos aproximam-se e são TÃOOOO FOFOS. 


Como expliquei vivo sozinha e já andava a pensar em arranjar um cão (claro que pensei em cães de raça, tipo São Bernardo, Dogue Alemão... quanto maior melhor, pois mais me protegia)... mas aqueles olhitos a me fixarem e aqueles guinchinhos de cachorrinhos abandonados... fui para casa mas juro que não consegui adormecer sem me lembrar deles e na semana seguinte volto lá para uma "visita".


Vou com uma colega de trabalho e começo a fazer-lhe o choradinho para ver se ela pedia um cão porque eu estava com vergonha... mas ela percebeu logo e pediu-o, só já haviam 3 e levei a mais felpuda e com caracolinhos que veio ter comigo... 


Pois é, e quem me conhece sabe que contei outra história... está na hora de dizer a verdade...
Eu inventei aos meus avós que os donos a queriam matar e que era a única que sobrava... para dar um pouco mais de drama à história... mas na realidade era a mais linda e não será de todo mentira que estaria em risco de morte pois estava perto da estrada e ao frio... 


Hoje é a perdição dos meus avós. levam-na para todo o lado, sobe no tractor e faz-lhes mais companhia que eu... acho que ganharam uma neta e eu uma amiga, é a cadelinha mais     engraçada que existe e apesar de pequena tem alma de leão. É alerta, ladra e morde é uma fera com dentes afiados e a minha companhia guardiã.


E só para curiosidade o seu nome é:
Spooky Lella Prisca Andorinha Ligeira Mel 


Uma princesa Canina

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Propósito deste Blog

E era uma vez... bem poderíamos dizer. Então tudo começa com uma proposta de emprego, uma oportunidade de mudar de vida e começar de novo uma história que era velha e do passado...
Vamos tentar falar com lógica e seguir uma linha temporal, nasci numa aldeia do centro de Portugal, local de maravilhas e amizades, num meio pequeno mas acolhedor que foi o meu refugio, o meu paraíso o meu mundo, pois não conheci mais nenhum até aos meus 11 anos, altura em que, devido a uma proposta de emprego para a minha mãe nos mudámos de malas e bagagens para a cidade.

Cerca de 17 anos passam-se e eis que me surge a mim uma oportunidade de emprego reversa, ou seja eu a voltar para a aldeia, com a minha licenciatura completa e alguma experiência no mundo do trabalho... E é assim que surge este blog, com as aventuras e desventuras de uma meia citadina e urbana, meia aldeã, perdida entre estes dois mundos e que tem muito para contar.

Escusado será dizer que aceitei a oferta de emprego e cá estou numa aldeia com pouco mais de 60 habitantes (maior parte familiar) no interior do País ... e eis que me pergunto se a citadina em mim se irá adaptar...

Fiquem para acompanhar