Obrigada pela Visita

Relatos de uma mudança de contexto... onde a vida nos leva! Fiquem para acompanhar, tudo se baseia em factos verídicos, são mesmo verdadeiros estes momentos!



quarta-feira, 21 de julho de 2010

Se não sei para onde vou, como sei que lá cheguei?

Hoje dei por mim a pensar que deveria abrir um canil, ou comprar um carro antigo para restaurar, ou uma casa de pedra... enfim preciso de iniciar um projecto, de criar compromisso e obrigações... a situação de te sentires dona do teu tempo e das tuas decisões também te exigem responsabilidades e consequências. 
Estava habituada a ter o meu tempo 270% ocupado, sem tempo para tomar refeições completas, sempre em correria constante de um lado para o outro envolvida em mil e duzentos projectos e claro sempre com a ideia de que iria mudar o mundo. 


Hoje já não é assim... para começar tomo refeições à mesa, sendo todas completas com sopa, prato principal, prato secundário e sobremesa. Ao almoço vou a casa dos meus avós e faço-lhes companhia, o que sobra fica para o jantar. O meu avô está habituado a comer massa ou arroz acompanhados de batata, mais a carne e mais a salada. Para mim são dois pratos e normalmente escolho a massa para o almoço e as batatas para a noite (deveria fazer ao contrário eu sei mas gosto mais de massa, logo como mais).
Só por aí tenho engordado bastante desde que aqui estou, pois não gasto estas calorias, ou porque o trabalho não exige muito desgaste nem esforço físico, ou porque o horário é cumprido (coisa que antes me parecia utópico... hoje é mesmo tipo função pública:9h-17h com várias pausas para café e conversa).


Nos meses de Março, Abril e Maio a minha rotina semanal, a seguir ao trabalho era: 


Segunda: 
                        Hidroginástica e Cinema
Terça
                      Atelier de Pintura e Artes decorativas
Quarta
                      Hidroginástica    
Quinta
                     Atelier de Pintura e Artes decorativas
Sexta
                     Viagem para a Capital         


Agora a Hidroginástica está fechada para férias, só reabre em meados de Setembro. O Atelier é com uma colega de trabalho que foi perdendo a motivação e acho que também a paciência de me ensinar e aturar. (ok confesso sou uma aluna difícil)
As viagens vão sendo mais raras pois os custos são muito elevados e o cinema só existe nas 6ªFeiras, Fim de semana e 2ªFeira. 


Assim saio às 17h e tenho precisamente 16 horas em que não faço nada... E sinceramente há dias em que não me apercebo de onde perco tempo, porque ele passa a correr e nem o vejo (literalmente)!
Assim vou pensando em que fazer com tanta liberdade e surgem-me as coisas mais mirabolantes que possam imaginar, desde... Gostava de pintar o cabelo de vermelho (feito),  decorar a casa de novo (feito), pintar paredes (feito), plantar batatas (feito), semear flores, acho que até levo jeito para jardineira (feito e confirmado que não).... 


Ou outras como arranjar um carro antigo, comprar uma casa de pedra, fazer um interrail, arranjar mais animais, tirar outro curso... e vou pensando nos "e se eu tivesse sido", ou "e se eu tivesse ido ou feito"... o que acontece é que são tudo ideias que faziam sentido naquela situação, naquele momento, naquele contexto... agora e neste caso pareço uma adolescente a tentar reviver os momentos perdidos e os "se" deixados para trás.


Esta viagem tem sido uma oportunidade de dar com a cabeça contra a parede, de reviver expectativas e sonhos passados, de tentar perceber quem sou, onde quero chegar ... enfim de estar mais comigo mesma e de... por não ter mais nada com que me distrair e fugir... de ter que me conhecer!

1 comentário:

  1. Cara amiga, como vês, nada como o tempo a mais e os acontecimentos positivos ou negativos, para nos permitirmos a nós próprias conhecermo-nos e tornarmos a nossa vida mais útil. O sentimento de vazio, pelo tempo desocupado, obriga neuróticas e desocupadas a pensar na vida. Nos "ses", do que fizemos de determinada maneira, e nos "ses" que não chegámos sequer a fazer. Perguntamo-nos o que queremos, quais os nossos objectivos e deparamo-nos muitas vezes, com um passado que já não faz parte do nosso presente ou futuro. Decidir os próximos passos e lutar por essas decisões é tarefa complicada. Mas, por incrivel que possa parecer, por vezes basta algo inesperado, um sentimento de impotência para o que não podemos de facto controlar, para sentirmos que a única coisa que podemos na realidade alterar, é simplesmente o rumo da nossa vida. Aproveitar o intervalo do que não podemos controlar, resume-se simplesmente a viver a vida. Viver e actuar sobre ela. Não deixar o tempo passar chegando o fim do dia pensando "Que raio fiz hoje eu de jeito?". Sentir que no fim do dia, pelo menos uma coisa, um acontecimento, um sorriso, um boa tarde ou um bom dia, foi suficiente para quando fechares os olhos à noite, sorrires e sentires que de facto, valeu a pena. Até pode parecer ter sido pouco, mas simplesmente valeu a pena. Pelo menos isso, pelo menos esse comportamento, pelo menos o sentimento do que viveste, ainda que curto no espaço, valeu a pena. Um beijinho grande e boas introspecções (entenda-se por boas instrospecções, as que te levam a algum caminho...)

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