Obrigada pela Visita
Relatos de uma mudança de contexto... onde a vida nos leva! Fiquem para acompanhar, tudo se baseia em factos verídicos, são mesmo verdadeiros estes momentos!
terça-feira, 11 de outubro de 2011
As pessoas da minha terra...
As pessoas da minha terra têm línguas afiadas, pernas curtas e olhares vazios... Usam chapéus de chuva preta para se protegerem do sol e da chuva do Inverno... as pessoas da minha terra protegem-se, isolam-se e outras vezes unem-se para ajudar ou prejudicar... são contraditórias, complexas e singulares. A minha terra tem pessoas diferentes, únicas e adversas que tanto te querem mal como te amam ou tanto te são indiferentes como fazem parte de ti... é estranho este sentimento! As pessoas da minha terra são as que me melhor conhecem porque me viram crescer e fazem parte de mim e ao mesmo tempo as que menos me vêm como sou, me criticam, me apontam o dedo e me julgam... tenho saudades de algumas pessoas que partiram, de outros tempos, de ver a terra mais habitada e da juventude e força que transmitiam aqueles rostos... hoje vejo-as com outro olhar... Acho que me tornei parte da paisagem, das histórias e das vivências desta gente... hoje sou mais uma pessoa no meio das pessoas que habitam na minha terra...
domingo, 28 de agosto de 2011
Ritmos dessincronizados...
Na maior parte das vezes sinto-me parada no tempo... sinto que tudo se move, que o mundo avança e eu estou sentada a ver a vida correr... sinto que me adapto, me moldo ao contexto envolvente deixando de ser eu e passando a ser o que querem que seja... não sou uma adolescente à procura de identidade, mas talvez apenas alguém que quer agradar. Sinto que me desiludo porque o ritmo do que quero e a velocidade do que acontece não estão sincronizados... é um sentir constante, como que existisse num tempo paralelo entre o ser e o estar... esquizofrénico este meu sentir, no mínimo.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Um agradecimento aos bombeiros...
O cenário é horrendo e ao mesmo tempo encantador… ouve-se o crepitar da madeira, o estalar dos pinheiros e o cheiro é imundo, um cheiro que nos entranha no cabelo, na roupa e na pele… cheira a queimado, tudo ardeu em nosso redor, está calor e a imagem é sombria… no entanto o fumo a subir, o tom cinzento como se fosse um nevoeiro que nos envolve, remete-nos para paisagens de bosques encantados onde se está a amanhecer… a adrenalina sobe, sentimo-nos úteis, sentimos que pertencemos a algo, a uma comunidade, estamos juntos por um propósito que é combater o fogo e impedir o seu alastramento. Quando olhamos em volta as pessoas choram, algumas gritam porque lhes é retirada a simbologia hereditária e familiar associada aquele espaço, para além de verem queimadas as culturas que tanto trabalho lhe deram e vai haver prejuízo e perda … no entanto hoje percebi porque se é bombeiro e porque essa profissão é tão aliciante para algumas pessoas… a adrenalina que dá estar ali naquele espaço cria vício. Continuo a admirar quem o faz com gosto e espírito voluntário, porque cada pedaço de terra salvo faz-nos sentir heróis, capazes e necessários. Nos dias que correm cada um depende de si próprio apenas, mas num incêndio há espírito de grupo e inter-ajuda! Ser bombeiro é viver em adrenalina, arriscar a própria vida e salvar o próximo, a todos vocês… Obrigada!
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Hoje houve um incêndio...
Eu tenho a sorte de viver num local onde o sino toca quando há uma emergência e onde as pessoas calçam as botas e munem-se de sacholas e correm para ajudar os outros… hoje foi assim. Eram perto das 16h e despertam os nossos ouvidos para o alarme dado pelo sino e pela correria das pessoas, algo de errado se passa e recebo uma chamada que me avisa que anda um incêndio perto de minha casa. Estado de alerta ligado e primeira preocupação “onde estão os meus avós?”. Ainda por cima era próximo de uns terrenos da família e desato a correr, não se encontram em casa e corro para o local do incêndio, de sandálias, manguinha curta e sem qualquer material que me pudesse ajudar ou proteger… corre e depois pensas é assim que funciono. Chego e já se lá encontra quase toda a aldeia, os homens com os tractores a lavrar a terra, para impedir que progrida, com sacholas a mandar terra e as mulheres a baterem nas chamas com giestas para o apagar. Chegam os bombeiros, o helicóptero, que rápido tomam conta da ocorrência. Vejo a minha avó que me grita:
-olha o tractor, leva daqui o tractor que daqui a nada chega lá o fogo..
E sem pensar, subo para cima dele e como se o tivesse feito toda a minha vida, ligo o motor, levanto a caixa, coloco a mudança e arranco com ele… senti-me uma mulher cheia de força e potente em cima daquela máquina com cabine. Vou colocá-lo a casa, a são e salvo e volto a correr para o incêndio que nessa altura já se encontra apagado e eis quando me dizem:
-olha que tu… podia arder tudo mas primeiro salve-se o tractor!!
Imaginam a minha cara, quando me apercebo que em vez de uma boa ajuda, fui apenas salvar o património material… bem mas de sandálias e sem perceber nada do assunto… talvez tenha sido melhor isso do que andar para lá a estorvar…
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
A que se resume uma vida?
Chego a casa, ainda trago o amargo sentir daquele momento, a morte de alguém tão próximo e o sentimento de dor que nos contagia… foi mais um pai que faleceu, mais um que deixa mulher e filhos a chorar a sua mágoa. Lembro-me de ti, nem outra coisa poderia fazer e procuro a “tua caixa”, aquele espaço pequeno e abafado que guarda pedaços de ti, de alguém que foste e que nunca conheci.
Abro a caixa e penso: em que se resume uma vida?
Aqui dentro tens:
-um boné da tropa
-umas fotografias (uma tua e de 4 raparigas, onde uma se apresenta como tua futura noiva…)
-um diário
-uma bola de ténis gasta pelo tempo
-folhas em tom de amarelo envelhecido e soltas de um livro antigo
-uns óculos de sol
-uma pulseira
-um cinto de pele
-um crachá
-uma moeda corroída pelo tempo
-algumas facturas de compras
-um pente
-cartas...
-um boné da tropa
-umas fotografias (uma tua e de 4 raparigas, onde uma se apresenta como tua futura noiva…)
-um diário
-uma bola de ténis gasta pelo tempo
-folhas em tom de amarelo envelhecido e soltas de um livro antigo
-uns óculos de sol
-uma pulseira
-um cinto de pele
-um crachá
-uma moeda corroída pelo tempo
-algumas facturas de compras
-um pente
-cartas...
Coloco-as em ordem crescente de datas, de forma a fazer uma sequência temporal e começo a devorá-las com o entusiasmo de quem as recebe pela primeira vez… algumas são-me endereçadas e isso faz-me chorar.
Fazes-me falta, fazes-me tanta falta… Leio o teu diário e escreves momentos e situações que me fazem rir e sentir-me perto de ti, tão perto como se estivesse no teu tempo e escrevesses ao meu lado. Quero acreditar que o que escrevo e a forma como o faço derivem do teu ADN e sinto-me feliz por ter algo teu, algo nosso! A minha irmã sempre foi mais parecida contigo, dizem que quer fisicamente, quer na sua personalidade, dizem que ela herdou o teu gosto pela terra e pelos animais… eu tentava buscar algo “nosso” e agora acho que o encontrei, é o gosto pela escrita, pela anotação e relatos dos nossos acontecimentos quotidianos e da nossa vida. Ao escrever algo, ele permanece “vivo” durante muito tempo e mal imaginarias tu que a tua filha, hoje com a idade com que faleceste estivesse a ler as tuas cartas e o teu diário de solteiro. Por teres deixado algo para mim, mais do que a minha própria vida, eu agradeço-te, recordo-te e vivo-te! Hoje e neste bocadinho de tempo sei que estás comigo, não importa o que aconteceu, hoje estás aqui. OBRIGADA PAI…
terça-feira, 26 de julho de 2011
Obrigada
Hoje sinto que devo agradecer… Sou uma pessoa feliz!!! Não num completo e absoluto sentir, porque acho que somos demasiados exigentes para nos satisfazermos e achamos que ser feliz é sempre algo mais, algo mais pleno e mais significativo… sou feliz nas pequenas coisas. Sou feliz porque tenho uma família, um lar, saúde, amigos e autonomia. Sou feliz porque sou capaz, felizmente dependo apenas de mim e ainda tenho emprego, hoje sinto que devo alegrar-me e sinto-me contente na pessoa que me tornei. Tenho as minhas falhas, a minha personalidade por vezes complexa, as minhas inconstantes buscas de algo melhor, maior e simplesmente fantástico… mas é isto, é o agora! Neste momento em que escrevo sinto-me feliz! Aprendi a desvalorizar o material, a perder importância a quantidade sobre a qualidade e a exigir menos de mim, não o melhor mas apenas o suficiente! Estou deitada no sofá, na minha varanda, numa noite de verão… lá fora ouvem-se os grilos e as cigarras, poucos são os carros que passam e há o silêncio, algo tão reconfortante e apaziguador… sentia falta dele e de tempo para mim… fui descobrindo o espaço necessário para conviver comigo própria e fui-me revelando, permitindo a mim mesma a possibilidade de me conhecer… não gostei de tudo mas gosto de estar comigo. Analisando as minhas decisões anteriores e os meus medos antigos hoje sinto que estou onde devia estar. Hoje sinto-me de bem com a vida e por isso agradeço. Não me sinto mais deslocada nem uma estrangeira em busca de um lugar seu… não procuro seguir ideais que não sejam os meus… hoje gosto-me de facto!!!
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Maldição
Conta a lenda popular que quem mata um gato tem 13 anos de azar... pois bem e assim parece concretizar-se o mito... Desde a fatídica tarde de dia 20 só me acontecem problemas... desde o atropelamento, seguido de um salto inevitavel mas voluntario e desejado do gato (sim porque eles têm vontades e quereres... qual instinto?! Este suicidou-se!!!) a minha vida mudou!!! Vejamos:
- Chego a casa meia atrapalhada e em stress porque tinha acontecido aquilo e no dia seguinte ia ter dois exames na faculdade e ainda me faltava ler imensas coisas... Dois exames juntos no mesmo dia (1ª evidência de azar);
- Depois de ler algumas páginas decido ir deitar-me porque senão não acordaria a horas e levo o dossier para a cama, quando ia a deitar-me não me lembrei do dossier que estava aberto na cama e dou com a cara na parte mais dura... mas que dores horriveis e o lábio começa a inchar!!!
- Pensei logo na minha figurinha na faculdade e fui ao frigorífico procurar gelo... não tinha!!! Apenas carne, ervilhas, e delícias do mar congeladas...
- Resolvi colocar o pacote de delícias do mar no lábio para aliviar o inchaço e evitar que ficasse pior... Pensei cá para mim, mas depois começam a derreter e ficam estragados, vou tirar um palito de delicias do mar e é suficiente... à medida que o tinha ele começa a derreter e veio-me ao nariz um cheirinho tão bom do peixinho e comecei a ganhar fome... Estive bastante tempo com ele e o lábio melhorou (menos mal)... decidi comer o palito de delícias do mar.
- Deitei-me e de repente começam a dar-me umas cólicas, umas dores de barriga... repentinas e como se imagina passei a noite na casa de banho... a maldita delícia não me caiu bem...
- Passando à frente esta parte que não interessa muito ... de manhã, quase sem dormir siga viagem para a faculdade... o carro começa a fazer uns barulhos ao virar!!! Pensei deve ser do pneu, siga e faz de conta que nem ouves... música alta e siga viagem que se faz tarde.
- Fiz os exames, tive aprovação e sai de lá feliz da vida!!! Boa finalmente acabou a maldição do gato e estou livre... afinal até deu sorte, como algumas pessoas me disseram, cantarolava na minha mente em monólogos continúos.
Mas o gato vingou-se mais um pouco... o meu carro perdeu o óleo e foi preciso mudar a caixa de direcção, pior que isso o namorado emprestou-me o carro dele e dei-lhe cabo da embraiagem... parece que a maldição se mantem... pelo sim pelo não vou afastar-me de carros alugados, trovoadas, prédios, pombos e pianos! Sim, porque com a sorte que estou de certeza que me cai algo em cima...
- Chego a casa meia atrapalhada e em stress porque tinha acontecido aquilo e no dia seguinte ia ter dois exames na faculdade e ainda me faltava ler imensas coisas... Dois exames juntos no mesmo dia (1ª evidência de azar);
- Depois de ler algumas páginas decido ir deitar-me porque senão não acordaria a horas e levo o dossier para a cama, quando ia a deitar-me não me lembrei do dossier que estava aberto na cama e dou com a cara na parte mais dura... mas que dores horriveis e o lábio começa a inchar!!!
- Pensei logo na minha figurinha na faculdade e fui ao frigorífico procurar gelo... não tinha!!! Apenas carne, ervilhas, e delícias do mar congeladas...
- Resolvi colocar o pacote de delícias do mar no lábio para aliviar o inchaço e evitar que ficasse pior... Pensei cá para mim, mas depois começam a derreter e ficam estragados, vou tirar um palito de delicias do mar e é suficiente... à medida que o tinha ele começa a derreter e veio-me ao nariz um cheirinho tão bom do peixinho e comecei a ganhar fome... Estive bastante tempo com ele e o lábio melhorou (menos mal)... decidi comer o palito de delícias do mar.
- Deitei-me e de repente começam a dar-me umas cólicas, umas dores de barriga... repentinas e como se imagina passei a noite na casa de banho... a maldita delícia não me caiu bem...
- Passando à frente esta parte que não interessa muito ... de manhã, quase sem dormir siga viagem para a faculdade... o carro começa a fazer uns barulhos ao virar!!! Pensei deve ser do pneu, siga e faz de conta que nem ouves... música alta e siga viagem que se faz tarde.
- Fiz os exames, tive aprovação e sai de lá feliz da vida!!! Boa finalmente acabou a maldição do gato e estou livre... afinal até deu sorte, como algumas pessoas me disseram, cantarolava na minha mente em monólogos continúos.
Mas o gato vingou-se mais um pouco... o meu carro perdeu o óleo e foi preciso mudar a caixa de direcção, pior que isso o namorado emprestou-me o carro dele e dei-lhe cabo da embraiagem... parece que a maldição se mantem... pelo sim pelo não vou afastar-me de carros alugados, trovoadas, prédios, pombos e pianos! Sim, porque com a sorte que estou de certeza que me cai algo em cima...
quarta-feira, 20 de julho de 2011
13 Anos de Azar!!!
Mais uma aventura... ia eu pela estrada nacional, devagar numa calma que me é característica... leve levemente como quem chama por mim... escutando a minha rádio local (Bandarra, pois claro) e eis quando, de sem aviso, um gato se atravessa à minha frente... ia decidido a matar-se por certo!!! Não tive tempo de reagir, nem travei nem acelerei... acho que a reacção foi fechar os olhos simplesmente e esquecer... mas tal não foi possivel! Toda a tremer paro o carro um pouco à frente, ligo ao namorado (como se ele fosse resolver alguma coisa)... inconscientemente terei pensado que viria em socorro do gato ou me diria como proceder ao seu salvamento, ou e talvez fosse o mais certo precisava de alguém com quem compartilhar a culpa e se me dissesse segue, deixa-o e assim a culpa não teria sido apenas minha... e como bom namorado que é, foi o que ele fez! Disse-me:"-Já viste se o carro está bem? Como estas tu?... Deixa lá foi só um gato, se calhar nem lhe acertaste e ele salvou-se"
Fiquei a pensar nisto e como curiosa que sou voltei para trás, mas não se tinha salvado... jazia morto de olhos abertos no meio da estrada, não tinha sangue à vista e abrandei... olhei-os nos olhos e senti-me culpada, pensei nos filhos ou netos que deixara.. ou nos que eu o impedi de fazer... pensei nas crianças que fossem seus donos, nas alegrias e bons momentos que lhes proporcionara e claro na tristeza que eles teriam ao ver o seu tareco, mimi ou pantufa rijo e seco, abandonado no meio da estrada... então encostei o carro, peguei num pau e afastei-o da estrada, na minha mente ainda havia a réstia de uma esperança de que ele miasse ou desse sinais de vida mas nada... sei que não lhe fiz o funeral desejado mas senti-me menos culpada pois o seu corpo permanecia limpo e não seria mais esmagado por outros carros que viessem... No dia seguinte passei lá de manhã bem cedo mas ele já tinha desaparecido, já não havia marcas deste acontecimento e dei por mim a concluir... afinal o gajo ainda tinha mais vidas!!! Dizem que têm sete ... ele que não se volte a atravessar à frente do meu carro :P
Fiquei a pensar nisto e como curiosa que sou voltei para trás, mas não se tinha salvado... jazia morto de olhos abertos no meio da estrada, não tinha sangue à vista e abrandei... olhei-os nos olhos e senti-me culpada, pensei nos filhos ou netos que deixara.. ou nos que eu o impedi de fazer... pensei nas crianças que fossem seus donos, nas alegrias e bons momentos que lhes proporcionara e claro na tristeza que eles teriam ao ver o seu tareco, mimi ou pantufa rijo e seco, abandonado no meio da estrada... então encostei o carro, peguei num pau e afastei-o da estrada, na minha mente ainda havia a réstia de uma esperança de que ele miasse ou desse sinais de vida mas nada... sei que não lhe fiz o funeral desejado mas senti-me menos culpada pois o seu corpo permanecia limpo e não seria mais esmagado por outros carros que viessem... No dia seguinte passei lá de manhã bem cedo mas ele já tinha desaparecido, já não havia marcas deste acontecimento e dei por mim a concluir... afinal o gajo ainda tinha mais vidas!!! Dizem que têm sete ... ele que não se volte a atravessar à frente do meu carro :P
terça-feira, 17 de maio de 2011
Era uma vez na Praia!!!
Fui à praia com os meus avós, precisei de ir lá perto e achei que era uma boa oportunidade de me acompanharem, poderiam conhecer a casa e dar um passeio. Claro que aceitaram na certeza e convição de que me iam fazer um favor... por mais que o tempo passe continuam a ver-me como uma criança que está a necessitar de companhia e de vigia, porque é demasiado pequena para ir sozinha... a verdade é que foram e fiquei feliz por lhes proporcionar uma saída e uma nova descoberta.
A viagem correu bem e lá fomos, tinha-os avisado para levarem fato de banho e a minha avó escandalizada respondeu:
"Deus me livre de meter uma coisa dessas! Era o mesmo que ir nua! Credo... levo uns calçoes pelo joelho e está mais que bem e o teu avô também leva uns calções."
Chegamos a praia e como era fim de semana estava cheia, a minha avó de sapato fino de Domingo e o meu avô também e com camisa branca e o chapéu típico que ele nunca tira e usa nos momentos importantes. Com alguma dificuldade lá nos sentamos à beira mar e tinha reparado que a minha avó levava um saco grande, daqueles azúis do IKEA que a minha mãe lhe tinha trazido... pensei que fossem as toalhas mas também achei que era grande demais mas sinceramente nem perdi muito tempo a pensar nisso... quiseram ir molhar os pés, de mãos dadas com cuidado lá vão eles. Acompanho-os e vou tirar as calças para não as molhar, pois tinha o biquini por baixo da roupa. A minha avó olha-me com cara de reprovação e moralismo...
"- ai andas aqui de cuecas", diz-me ela e nem se atreve a olhar-me mais. O meu avô diz que se sente melhor das pernas, que a àgua do mar lhe faz bem! E está descontraído, até me diz:
"- Lá no Brasil andavam com menos roupa, a tua avó não sabe nada!"
Estava um daqueles dias de ondas fortes, com bandeira amarela e havia bastante corrente, o mar puxava com força e eles tinham dificuldade em se equilibrar. O meu avô já estava a molhar a camisa e pediu-me que a levasse para a toalha. Então diz-me a minha avó:
"- Oh Patrícia já que lá vais traz os garrafões para enchermos de àgua do mar!" (afinal era isso que vinha dentro do saco, 2 garrafões de 5 litros e 3 garrafas de litro e meio). Lá os levo e pensei "mas que vergonha o que irão pensar estas pessoas que estão na praia"... E lá os fui encher... um por um!!!
O certo é que me convenci que era para a saúde dos meus avós (ao menos a nível psicológico funciona) e que não conhecia ninguém portanto pouco me importaria o que pensassem...
Infelizmente consegui ouvir alguns dos pensamentos... um grupo de rapazes jovens dizia:
"- olha aquela agora chega a casa enche a banheira e acha que está na praia"
um casal dzia entre si:
"- olha estes vieram roubar àgua ao mar... não devem ter em casa"
O pai dizia para os filhos:
"- olha só para aquilo e risos!"
mas a melhor que ouvi foi:
"- Mas será que ninguém a avisa que esta água não serve para beber?!"
E pronto carregada de 14 litros e meio de àgua, sal, areia e muita mas muita vergonha regresso a casa sã e salva... ou melhor dizendo salgada :)
A viagem correu bem e lá fomos, tinha-os avisado para levarem fato de banho e a minha avó escandalizada respondeu:
"Deus me livre de meter uma coisa dessas! Era o mesmo que ir nua! Credo... levo uns calçoes pelo joelho e está mais que bem e o teu avô também leva uns calções."
Chegamos a praia e como era fim de semana estava cheia, a minha avó de sapato fino de Domingo e o meu avô também e com camisa branca e o chapéu típico que ele nunca tira e usa nos momentos importantes. Com alguma dificuldade lá nos sentamos à beira mar e tinha reparado que a minha avó levava um saco grande, daqueles azúis do IKEA que a minha mãe lhe tinha trazido... pensei que fossem as toalhas mas também achei que era grande demais mas sinceramente nem perdi muito tempo a pensar nisso... quiseram ir molhar os pés, de mãos dadas com cuidado lá vão eles. Acompanho-os e vou tirar as calças para não as molhar, pois tinha o biquini por baixo da roupa. A minha avó olha-me com cara de reprovação e moralismo...
"- ai andas aqui de cuecas", diz-me ela e nem se atreve a olhar-me mais. O meu avô diz que se sente melhor das pernas, que a àgua do mar lhe faz bem! E está descontraído, até me diz:
"- Lá no Brasil andavam com menos roupa, a tua avó não sabe nada!"
Estava um daqueles dias de ondas fortes, com bandeira amarela e havia bastante corrente, o mar puxava com força e eles tinham dificuldade em se equilibrar. O meu avô já estava a molhar a camisa e pediu-me que a levasse para a toalha. Então diz-me a minha avó:
"- Oh Patrícia já que lá vais traz os garrafões para enchermos de àgua do mar!" (afinal era isso que vinha dentro do saco, 2 garrafões de 5 litros e 3 garrafas de litro e meio). Lá os levo e pensei "mas que vergonha o que irão pensar estas pessoas que estão na praia"... E lá os fui encher... um por um!!!
O certo é que me convenci que era para a saúde dos meus avós (ao menos a nível psicológico funciona) e que não conhecia ninguém portanto pouco me importaria o que pensassem...
Infelizmente consegui ouvir alguns dos pensamentos... um grupo de rapazes jovens dizia:
"- olha aquela agora chega a casa enche a banheira e acha que está na praia"
um casal dzia entre si:
"- olha estes vieram roubar àgua ao mar... não devem ter em casa"
O pai dizia para os filhos:
"- olha só para aquilo e risos!"
mas a melhor que ouvi foi:
"- Mas será que ninguém a avisa que esta água não serve para beber?!"
E pronto carregada de 14 litros e meio de àgua, sal, areia e muita mas muita vergonha regresso a casa sã e salva... ou melhor dizendo salgada :)
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