Passamos o tempo a procurar um lugar que possamos chamar de nosso Lar... aquele refúgio, aquele nosso cantinho e hoje dei por mim a pensar que esse local é feito pelas pessoas que o habitam, pelas expectativas que temos e pelo quotidiano onde profissionalmente nos realizamos.
Às vezes sinto-me em casa aqui, dentro destas paredes acolhedoras, quando quentinha à lareira leio um livro ou escrevo no portátil, com a televisão ligada, sem lhe dar importância nenhuma, mas que me vai fazendo alguma companhia... ou quando ouço música que me alegra e bebo um chá que comprei ao meu gosto... Aprecio estes momentos, embora solitários dão-me a liberdade de ser eu, sem a preocupação de agradar a mais ninguém que não a mim própria, aquele egoísmo tão necessário e aquele silêncio que me apazigua depois de um dia rodeada de pessoas e conversas aborrecidas ou problemáticas.
Hoje também dei por mim a pensar que um dia quero encontrar este sentimento de lar nos teus braços, no teu peito e sentir que a tua respiração me dá o prazer da música, os teus braços são as paredes, a tua conversa é a leitura que me agrada e o teu calor é a lareira... e nesse momento perceber que estando contigo não me importa onde vivamos, nem as condições que tenhamos desde que tenhas sempre disponível para mim esse bocadinho de "Lar" que procuro... Anda, deixa-me entrar e dá-me abrigo aí dentro! :)
Obrigada pela Visita
Relatos de uma mudança de contexto... onde a vida nos leva! Fiquem para acompanhar, tudo se baseia em factos verídicos, são mesmo verdadeiros estes momentos!
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Não desistas de ti própria...
Esta semana voltei a fazer as coisas que gosto... sem perceber bem o porquê fui-me afastando das "minhas" coisas, fui dando espaço às coisas dos outros, às vidas e problemas dos outros à integração e tentativa de agradar os outros e acabei afastada de mim...
Assim voltei a tirar fotografias, a escrever no blog, estudar, entrar em contacto com amigos que sinto a falta, fazer a árvore da Natal e com ela regressar um pouco às fantasias da Infância e desta época tão bonita, tratar de mim e fazer compras... coisas fúteis e banais para quem olha mas pequenos nadas dos quais sentia saudades.
Percebi que não adianta correr atrás das coisas do presente, querer agradar e estar sempre no momento certo e quando precisam... se isso implicar abandonar o passado e esquecer quem fomos, o que somos e quem nos queremos tornar. Neste caminho fui perdendo o meu norte, o meu rumo, aquele que tenho traçado para mim e que deu tanto trabalho a construir... vou-me deixando levar na corrente dos outros novamente e me adaptando... mas estou farta de me limar e adaptar aos outros... quem me quiser agora tem que me aceitar e se adaptar a mim, gosto das minhas arestas e dos meus defeitos não acho que tenha que me limar e muito menos deixar de ser quem sou e como sou.
As pessoas que são hoje o nosso presente, amanhã serão o nosso passado e tenho percebido que poucas são as que chegam a ter alguma importância no nosso futuro, portanto quem quiser ser importante também terá que fazer por isso.
Hoje queria partilhar que é importante que os meus verdadeiros amigos saibam que me importam e que os quero e gosto deles. Mesmo aqueles que me retiraram das suas vidas, perderam a minha presença e fiquei magoada com eles, mas não perderam o meu sentimento por eles, pois foram e são importantes para mim, fazem parte do passado que me levou a ser quem sou e por isso são parte de mim.
Tenho que me ir lembrando, de vez em quando, de ser quem sou e não desistir de mim... Pois eu também me importo comigo ;)
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
O Tamanho importa
Um destes dias estava eu e a minha avó sentadas na cozinha e junto da lareira a conversar... temas banais, do quotidiano pacato da pequena aldeia e eis que ela exclama:
-Oh Filha que pouca sorte!!! Eu sempre soube.
-O quê avó? (pergunto-lhe eu sem perceber a que se referia)
-Não tens sorte nenhuma na vida... nunca vais ser rica filha.
-Então? (pensando cá para mim, "mas a mulher tá doida e já tem premonições... mas que raio!")
-Pois não, tens as orelhas pequeninas e sempre ouvi dizer que quem tem orelhas pequenas, sinal de pouca riqueza...
Bem... antes pobre e com um belo par de orelhas (em tamanho small) do que rica e com uns abanos ;P
As coisas que se aprendem... ou se ouvem!!! Pequenas mas eficazes na sua função eheheh
-Oh Filha que pouca sorte!!! Eu sempre soube.
-O quê avó? (pergunto-lhe eu sem perceber a que se referia)
-Não tens sorte nenhuma na vida... nunca vais ser rica filha.
-Então? (pensando cá para mim, "mas a mulher tá doida e já tem premonições... mas que raio!")
-Pois não, tens as orelhas pequeninas e sempre ouvi dizer que quem tem orelhas pequenas, sinal de pouca riqueza...
Bem... antes pobre e com um belo par de orelhas (em tamanho small) do que rica e com uns abanos ;P
As coisas que se aprendem... ou se ouvem!!! Pequenas mas eficazes na sua função eheheh
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Amor...
Ontem vi um filme em que a dada altura um mestre de budismo diz à sua aprendiz: "tens que sorrir enquanto meditas, mas é um sorrir com os lábios, o coração e o fígado".
Acredito cada vez mais que os verdadeiros sentimentos sentem-se com as vísceras e não com o cérebro... e muito menos com o coração. Quero um amor assim, que me faça sentir um aperto na barriga, um desconforto e ansiedade por cada mensagem sem resposta e me leve da tristeza à felicidade com um simples sorriso ou olhar... quero um amor que me faça tremer por dentro e no sítio certo quando chegar o momento... um amor carnal, visceral e ao mesmo tempo meigo, carinhoso e que no fundo me faça sorrir... com os lábios, o coração e o fígado!
Acredito cada vez mais que os verdadeiros sentimentos sentem-se com as vísceras e não com o cérebro... e muito menos com o coração. Quero um amor assim, que me faça sentir um aperto na barriga, um desconforto e ansiedade por cada mensagem sem resposta e me leve da tristeza à felicidade com um simples sorriso ou olhar... quero um amor que me faça tremer por dentro e no sítio certo quando chegar o momento... um amor carnal, visceral e ao mesmo tempo meigo, carinhoso e que no fundo me faça sorrir... com os lábios, o coração e o fígado!
domingo, 26 de setembro de 2010
Só...
Tu que gastas as horas ansiando por ver quem caminha, quem conversa quem movimenta os teus silêncios… conta-me com que olhos me vês, que simbolismo me atribuis e que historia me crias… tu a quem não é preciso perguntar nada, porque os ruídos, os sons e as conversas tudo te dizem e aumentam… diz-me qual é a tua explicação, se chego tarde ou cedo, se alguém me espera ou vou só… conta-me quem passou por aqui hoje, quem te cumprimentou, quem te sorriu… e nunca saberás quantos em ti pensaram, e quantos lamentaram que te sentisses só, tão só que nem contigo consegues estar, uma solidão tão grande e tão amarga que ficas à espera, nesse teu miradouro à espera… de um sorriso, de uma conversa, de uma visita… mas elas tardam pois as pessoas partem e cada vez fica mais pobre, mais silenciosa, mais sossegada aquela velha aldeia e ficas assim… apenas e só… uma parte da natureza…
domingo, 12 de setembro de 2010
Ponto de situação
Hoje falo de mim, dos meus projectos, do meu querer... Passaram 9 meses desde que aqui cheguei, 9 meses de convivência, de presença, de realidade... o tempo passa, mas vai mudando, vai-nos influenciando e manipulando. Em 9 meses alteramos o nosso ponto de vista, o nosso querer o nosso pensar. Será fruto da capacidade humana em se adaptar? Será o instinto de sobrevivência? 9 meses pode ser uma vida, a concepção e desenvolvimento de uma nova vida... mas e a minha... terá sido assim tão intrinsecamente alterada?
O interior muda o nosso olhar, altera os nossos desejos e apesar de no inicio me custar admitir, o interior conquista-nos. São as pequenas coisas, é a simplicidade, é a natureza envolvente e... quando dás por ti começas a ter saudades daquele teu cantinho, daquelas conversas de fim de tarde, daquela calmaria... aos poucos ganhas o sotaque, ganhas os cheiros, os sabores, e tornas-te um deles... Como é maravilhosa a capacidade de adaptação, de sobrevivência e de camuflagem humana!
Gosto de estar na conversa, de partilhar refeições com os meus avós, de ouvir os lamentos e preocupações deles, de puder ir à horta e colher os legumes, os frutos, saber que não tenho que me deslocar pois tudo o que preciso está mesmo ali... gosto de estar em casa, numa casa que sinto como minha, com as minhas coisas da infância, do presente e onde projecto algum futuro, gosto desta sensação de herança de receber o que é meu por direito, pois carrega toda a carga sentimental de ter sido conquistada pelos meus familiares, gosto destes momentos em família, gosto de organizar jantares e receber amigos, primos e família... Gosto de ter um jardim à porta, de o regar e do cheiro da terra molhada... gosto de à noite ter um céu estrelado sobre mim, com milhares de estrelas que brilham... Gosto de ter uma cadela, uma tartaruga, um peixe e um gato como companheiros, às vezes até as osgas, as lagartixas, os sapos e as formigas... gosto do facto de não estar num apartamento e conhecer os meus vizinhos.
São estes pequenos nadas que me dizem que depois de 9 meses eu gosto do sítio onde estou, e que acabando o contrato e tendo que sair, sei que vou levar saudades ... mas todos os momentos do quotidiano também irão comigo.
Hoje sinto-me uma sortuda por ter o prazer de conviver com os meus avós no dia-a-dia, de os conhecer melhor que qualquer neto, de os ajudar, os preocupar, lhes dar trabalho por vezes mas também por saber que o facto de aqui estar os deixa cheios de orgulho e apesar das preocupações, o amor que nos une é maior que tudo o resto.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Herança
Para quem não sabe está perante uma herdeira... não ao trono nem algo parecido (se bem que mantenho a minha ideia de me auto-proclamar rainha de Portugal), mas herdeira de uma mata perdida na serra, onde só montada num burro se consegue alcançar ;)
E como dita detentora desse espaço resolvi ir conhecê-lo, pensei em vender os pinheiros, plantar castanheiros e viver da castanha (algo que tem saída nesta zona, ao menos isso...) e já pensando como empresária sigo o meu tio e avô que com muita pena me mostravam o espaço intrinsecamente pensando que não valia nada. Bem mas assim dando só um panorama geral, o que para muitos pode ser um desperdício de espaço, com muitas ervas, lixo e pouco valor, a minha visão foi diferente!!
O espaço é verde, fresco, as árvores que desprotegidas pelo vento foram encaracolando e apodrecendo dão uma sensação de retorno a épocas passadas, senti-me uma exploradora na pré-história, existem muros de pedra que pelo passar do tempo ganharam musgo e formas torneadas, como que esculpidas. Toquei nelas e quis regressar ao tempo em que alguém as ali colocou, pensar em que pensavam e em como acreditavam que ali alguém seria feliz, assim como os sacrifícios e esforços que terão feito para adquirir aquele espaço e denominá-lo seu...
Imaginei as fotografias possíveis, os cenários fantasmagóricos e românticos que se poderiam ali viver e até pensei que com toda a certeza devem existir ossadas de dinossauro, ou até uns desenhos rupestres. É a minha mata, é o meu tesouro e não aceito que digam mal dela.
Um dia hei-de conseguir mostrar-vos toda a beleza que vi...
... isto se encontrar o caminho ;)
E como dita detentora desse espaço resolvi ir conhecê-lo, pensei em vender os pinheiros, plantar castanheiros e viver da castanha (algo que tem saída nesta zona, ao menos isso...) e já pensando como empresária sigo o meu tio e avô que com muita pena me mostravam o espaço intrinsecamente pensando que não valia nada. Bem mas assim dando só um panorama geral, o que para muitos pode ser um desperdício de espaço, com muitas ervas, lixo e pouco valor, a minha visão foi diferente!!
O espaço é verde, fresco, as árvores que desprotegidas pelo vento foram encaracolando e apodrecendo dão uma sensação de retorno a épocas passadas, senti-me uma exploradora na pré-história, existem muros de pedra que pelo passar do tempo ganharam musgo e formas torneadas, como que esculpidas. Toquei nelas e quis regressar ao tempo em que alguém as ali colocou, pensar em que pensavam e em como acreditavam que ali alguém seria feliz, assim como os sacrifícios e esforços que terão feito para adquirir aquele espaço e denominá-lo seu...
Imaginei as fotografias possíveis, os cenários fantasmagóricos e românticos que se poderiam ali viver e até pensei que com toda a certeza devem existir ossadas de dinossauro, ou até uns desenhos rupestres. É a minha mata, é o meu tesouro e não aceito que digam mal dela.
Um dia hei-de conseguir mostrar-vos toda a beleza que vi...
... isto se encontrar o caminho ;)
sábado, 14 de agosto de 2010
O dilema da avó...
Hoje é mais uma história sobre a minha avó.
Regresso do trabalho e chegando a casa e ela diz-me:
Regresso do trabalho e chegando a casa e ela diz-me:
-Filha tens que ver aqui este produto que o teu avô comprou, lavei o cabelo de manhã e parece que ficou uma pasta na cabeça.
-Traga Cá então (disse-lhe eu) Deve ser uma condicionador para o cabelo, ou um creme amaciador.
-Ele cheira bem e tem lá desenhado uma mulher deve ser para o banho, sabes que a avó não sabe ler e "quem não vê é como quem não sabe".
-Mas passou-o bem por água? (perguntei-lhe eu)
-Sim mas parece que fica o cabelo duro e pesado, não lava nada bem... faz muita espuma... olha vê
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Metac In Viso
Este fim de semana fui a um Festival em Foz Côa chamado METAC IN VISO, tinha visto o anúncio no Jornal "Terras da Beira" e decidi ir conhecer, nada tinha a perder e pelo que dizia parecia ser interessante.
Tentei cativar as colegas de trabalho, os amigos, os primos ... mas nada, apenas o meu namorado decidiu vir depois de muito lhe ter pedido. Ninguém conhecia, ninguém tinha ouvido falar e pelos vistos também ninguém tinha lido o jornal. Mas contra a maré de más expectativas e fracas motivações decidimos ir apesar de uma perda de comboio e umas horas infernais num regional...
Seguimos na busca do festival, não levo mapa, não levo o endereço, nem fui confirmar o sítio no google maps, certos de que ao chegarmos perto toda a gente deveria saber onde era e deviamos começar a ver jovens a deslocarem-se para lá....
Mas tal não aconteceu, não havia placas de anúncio, não havia cartazes na rua e não se via ninguém (pois já começara a escurecer quando chegámos) fomos perguntando a alguns jovens e ninguém conhecia... até que num café já em Foz Côa encontramos um cartaz e aí nos souberam informar. Pelos vistos não era ali assim tão perto, fica no cimo de um monte, bem lá no alto, onde existe uma capela (Nossa Sra do Viso) e nada mais.
Bem e lá seguimos pela montanha acima, sempre a subir com curvas e contra curvas e estraditas minusculas... ao chegarmos deparamo-nos com uma tenda de casamentos (daquelas brancas de plástico) e para aí 7 carros estacionados, com cerca de 15 pessoas, vamos perguntar pelo parque de campismo e dizem-nos que é ali no mato.
- até tirámos as ervas e limpámos o mato, tem lá um holofote podem acampar onde quiserem (respondem eles)
Estão apenas 2 tendas ali ...mas resolvemos esperar, pensámos vamos primeiro ver o ambiente e ver se aparece mais gente, depois mais tarde, como tem o holofote montamos a tenda.
Bem e este foi o inicio meio conturbado e aparentemente desanimador do que viria a ser o MELHOR FESTIVAL DE TODOS OS TEMPOS!!!!
O pessoal era pouco (mesmo no dia seguinte estariam 50 pessoas se tanto), no campismo ficaram poucos, as condições eram as mínimas, o local era afastado e longínquo (daí também ser tão pouco procurado)... mas o pessoal era 5 estrelas, toda a gente convivia e era simpática, distribuiram cerveja por toda a gente, ofereciam-te mesmo sem te conhecerem, tiveram o cuidado de limpar a mata para o campismo e de arranjarem um chuveiro ligado a uma cisterna, fantástico... e aquela vista!!! Nem imaginam a sensação maravilhosa de acordar de manhã e ter uma vista de tirar o fôlego pela imensidão que os teus olhos alcançam... as vinhas tipícas da região do Douro, o Rio ao fundo, as montanhas riscadas pelas cores da terra, pelas formas das vinhas, as estradas que o homem contruiu... que maravilha! E o melhor tudo gratuito!!!
Assistes a 3 concertos por noite mais os dj's que actuam madrugada fora, tens dormida com casa de banho e chuveiros, dão-te cerveja pela noite fora, se quiseres almoçar ou jantar tens umas bifanas, cachorros que são um verdadeiro piteú, durante o dia organizam actividades desportivas e animadas para o convívio e se quiseres passear ali perto existem umas praias fluviais magnificas (cujo único inconveniente são alguns mosquitos chatos e verdes).
Voltei de lá muito contente e mesmo tendo ido a outros festivais de Verão, este ficará para sempre na memória e farei todos os possiveis para o ano lá voltar!
Estas são sem dúvida as melhores coisas do interior: o acolhimento, o sentimento de segurança, a paisagem, a comida, os pequenos recantos para explorar, o dar sem exigir nada em troca e principalmente a simplicidade sem paneleirices e a autenticidade... é um "refresh" na nossa vida.
Este festival, pelo que nos foi dito, começou por ser um encontro de amigos, de familiares, de pessoas que todos os anos se juntavam para conviver e se divertirem, depois começaram a convidar bandas para actuar e hoje é um Festival. Foi assim que nos sentimos... recebidos como um desses amigos que veio ouvir música, divertir-se e conviver. Obrigada pela recepção
METAC IN VISO, aconselho vivamente!!!
Tentei cativar as colegas de trabalho, os amigos, os primos ... mas nada, apenas o meu namorado decidiu vir depois de muito lhe ter pedido. Ninguém conhecia, ninguém tinha ouvido falar e pelos vistos também ninguém tinha lido o jornal. Mas contra a maré de más expectativas e fracas motivações decidimos ir apesar de uma perda de comboio e umas horas infernais num regional...
Seguimos na busca do festival, não levo mapa, não levo o endereço, nem fui confirmar o sítio no google maps, certos de que ao chegarmos perto toda a gente deveria saber onde era e deviamos começar a ver jovens a deslocarem-se para lá....
Mas tal não aconteceu, não havia placas de anúncio, não havia cartazes na rua e não se via ninguém (pois já começara a escurecer quando chegámos) fomos perguntando a alguns jovens e ninguém conhecia... até que num café já em Foz Côa encontramos um cartaz e aí nos souberam informar. Pelos vistos não era ali assim tão perto, fica no cimo de um monte, bem lá no alto, onde existe uma capela (Nossa Sra do Viso) e nada mais.
Bem e lá seguimos pela montanha acima, sempre a subir com curvas e contra curvas e estraditas minusculas... ao chegarmos deparamo-nos com uma tenda de casamentos (daquelas brancas de plástico) e para aí 7 carros estacionados, com cerca de 15 pessoas, vamos perguntar pelo parque de campismo e dizem-nos que é ali no mato.
- até tirámos as ervas e limpámos o mato, tem lá um holofote podem acampar onde quiserem (respondem eles)
Estão apenas 2 tendas ali ...mas resolvemos esperar, pensámos vamos primeiro ver o ambiente e ver se aparece mais gente, depois mais tarde, como tem o holofote montamos a tenda.
Bem e este foi o inicio meio conturbado e aparentemente desanimador do que viria a ser o MELHOR FESTIVAL DE TODOS OS TEMPOS!!!!
O pessoal era pouco (mesmo no dia seguinte estariam 50 pessoas se tanto), no campismo ficaram poucos, as condições eram as mínimas, o local era afastado e longínquo (daí também ser tão pouco procurado)... mas o pessoal era 5 estrelas, toda a gente convivia e era simpática, distribuiram cerveja por toda a gente, ofereciam-te mesmo sem te conhecerem, tiveram o cuidado de limpar a mata para o campismo e de arranjarem um chuveiro ligado a uma cisterna, fantástico... e aquela vista!!! Nem imaginam a sensação maravilhosa de acordar de manhã e ter uma vista de tirar o fôlego pela imensidão que os teus olhos alcançam... as vinhas tipícas da região do Douro, o Rio ao fundo, as montanhas riscadas pelas cores da terra, pelas formas das vinhas, as estradas que o homem contruiu... que maravilha! E o melhor tudo gratuito!!!
Assistes a 3 concertos por noite mais os dj's que actuam madrugada fora, tens dormida com casa de banho e chuveiros, dão-te cerveja pela noite fora, se quiseres almoçar ou jantar tens umas bifanas, cachorros que são um verdadeiro piteú, durante o dia organizam actividades desportivas e animadas para o convívio e se quiseres passear ali perto existem umas praias fluviais magnificas (cujo único inconveniente são alguns mosquitos chatos e verdes).
Voltei de lá muito contente e mesmo tendo ido a outros festivais de Verão, este ficará para sempre na memória e farei todos os possiveis para o ano lá voltar!
Estas são sem dúvida as melhores coisas do interior: o acolhimento, o sentimento de segurança, a paisagem, a comida, os pequenos recantos para explorar, o dar sem exigir nada em troca e principalmente a simplicidade sem paneleirices e a autenticidade... é um "refresh" na nossa vida.
Este festival, pelo que nos foi dito, começou por ser um encontro de amigos, de familiares, de pessoas que todos os anos se juntavam para conviver e se divertirem, depois começaram a convidar bandas para actuar e hoje é um Festival. Foi assim que nos sentimos... recebidos como um desses amigos que veio ouvir música, divertir-se e conviver. Obrigada pela recepção
METAC IN VISO, aconselho vivamente!!!
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Casting
Hoje e seguindo a linha de pensamento anterior... decidi enverredar pelo mundo artístico da música, porque não?! Pensei eu, recordando que em pequena tinha aprendido piano e até tive aulas de viola... talvez ande por aí o mundo por desvendar que me traga o sucesso e o ânimo de vida... (Ou talvez não)...
Observando o contexto em que me encontro, fui convidada para um grupo de Bombos que começa a dar os primeiros passos no seu desenvolvimento e a ter alguma visibilidade. O maestro em questão perguntou-me se estaria interessada em tocar gaita de foles ou, dentro do sector do bombo também poderia optar por "caixa" (um tipo de bombo mais pequeno). Confesso que a ideia me agradou, não só por implicar alguma convivência com pessoas como, quem sabe até poderia vir a gostar e ter que fazer deslocações no País e conhecer novos sítios.
Assim marcámos de ir a um casting para perceber com qual dos instumentos me identificava. Comecei pelo bombo... muito pesado, necessário muita força, o cheiro de pele de cabra incomoda e fiquei com dor nas costas... para além de que não é um objecto muito sexy e não combinava com nada que pudesse vestir ;) Ok esta opção foi cortada.
Passamos para a caixa, toquei, toquei, toquei... era mais agradável mas é necessário utilizar um ritmo muito acelerado e não conseguia acompanhar os outros elementos, sem ritmo é dificil... não vale a pena e fica também cortada esta opção.
Resta-nos a gaita de foles... comecei logo a imaginar as boquinhas das pessoas "ah agora tocas gaita... sopra na gaita" e por aí fora, mas tentando abstrair-me disso dou o meu maior esforço e sopro, sopro, sopro... começo a ficar vermelha, encarnada forte, roxa e sai um som tipo pppppuuuiiiiifff.... que vergonha, que horror!!! Juro que aquilo é bem mais dificil do que aparenta e quase sem respirar lá tento navamente...
o maestro observa-me com olhar estupefacto de tanta desilusão... e lá teve que me dizer:
-Bem parece que o teu mundo não é o da música... deixa lá, é pena.
Pronto e até nem ficaria muito mal se não fosse logo de seguida ter vindo uma criança de 3 anos soprar na gaita e dar um som bem maior que o meu!
É por estas e por outras que nunca segui este mundo artístico da música e a partir de hoje, música para mim só na televisão, no rádio e tocada por outras pessoas.... que tenham nascido com jeito e pulmões para ela!
Observando o contexto em que me encontro, fui convidada para um grupo de Bombos que começa a dar os primeiros passos no seu desenvolvimento e a ter alguma visibilidade. O maestro em questão perguntou-me se estaria interessada em tocar gaita de foles ou, dentro do sector do bombo também poderia optar por "caixa" (um tipo de bombo mais pequeno). Confesso que a ideia me agradou, não só por implicar alguma convivência com pessoas como, quem sabe até poderia vir a gostar e ter que fazer deslocações no País e conhecer novos sítios.
Assim marcámos de ir a um casting para perceber com qual dos instumentos me identificava. Comecei pelo bombo... muito pesado, necessário muita força, o cheiro de pele de cabra incomoda e fiquei com dor nas costas... para além de que não é um objecto muito sexy e não combinava com nada que pudesse vestir ;) Ok esta opção foi cortada.
Passamos para a caixa, toquei, toquei, toquei... era mais agradável mas é necessário utilizar um ritmo muito acelerado e não conseguia acompanhar os outros elementos, sem ritmo é dificil... não vale a pena e fica também cortada esta opção.
Resta-nos a gaita de foles... comecei logo a imaginar as boquinhas das pessoas "ah agora tocas gaita... sopra na gaita" e por aí fora, mas tentando abstrair-me disso dou o meu maior esforço e sopro, sopro, sopro... começo a ficar vermelha, encarnada forte, roxa e sai um som tipo pppppuuuiiiiifff.... que vergonha, que horror!!! Juro que aquilo é bem mais dificil do que aparenta e quase sem respirar lá tento navamente...
o maestro observa-me com olhar estupefacto de tanta desilusão... e lá teve que me dizer:
-Bem parece que o teu mundo não é o da música... deixa lá, é pena.
Pronto e até nem ficaria muito mal se não fosse logo de seguida ter vindo uma criança de 3 anos soprar na gaita e dar um som bem maior que o meu!
É por estas e por outras que nunca segui este mundo artístico da música e a partir de hoje, música para mim só na televisão, no rádio e tocada por outras pessoas.... que tenham nascido com jeito e pulmões para ela!
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Se não sei para onde vou, como sei que lá cheguei?
Hoje dei por mim a pensar que deveria abrir um canil, ou comprar um carro antigo para restaurar, ou uma casa de pedra... enfim preciso de iniciar um projecto, de criar compromisso e obrigações... a situação de te sentires dona do teu tempo e das tuas decisões também te exigem responsabilidades e consequências.
Estava habituada a ter o meu tempo 270% ocupado, sem tempo para tomar refeições completas, sempre em correria constante de um lado para o outro envolvida em mil e duzentos projectos e claro sempre com a ideia de que iria mudar o mundo.
Hoje já não é assim... para começar tomo refeições à mesa, sendo todas completas com sopa, prato principal, prato secundário e sobremesa. Ao almoço vou a casa dos meus avós e faço-lhes companhia, o que sobra fica para o jantar. O meu avô está habituado a comer massa ou arroz acompanhados de batata, mais a carne e mais a salada. Para mim são dois pratos e normalmente escolho a massa para o almoço e as batatas para a noite (deveria fazer ao contrário eu sei mas gosto mais de massa, logo como mais).
Só por aí tenho engordado bastante desde que aqui estou, pois não gasto estas calorias, ou porque o trabalho não exige muito desgaste nem esforço físico, ou porque o horário é cumprido (coisa que antes me parecia utópico... hoje é mesmo tipo função pública:9h-17h com várias pausas para café e conversa).
Nos meses de Março, Abril e Maio a minha rotina semanal, a seguir ao trabalho era:
Segunda:
Hidroginástica e Cinema
Terça
Atelier de Pintura e Artes decorativas
Quarta
Hidroginástica
Quinta
Atelier de Pintura e Artes decorativas
Sexta
Viagem para a Capital
Agora a Hidroginástica está fechada para férias, só reabre em meados de Setembro. O Atelier é com uma colega de trabalho que foi perdendo a motivação e acho que também a paciência de me ensinar e aturar. (ok confesso sou uma aluna difícil)
As viagens vão sendo mais raras pois os custos são muito elevados e o cinema só existe nas 6ªFeiras, Fim de semana e 2ªFeira.
Assim saio às 17h e tenho precisamente 16 horas em que não faço nada... E sinceramente há dias em que não me apercebo de onde perco tempo, porque ele passa a correr e nem o vejo (literalmente)!
Assim vou pensando em que fazer com tanta liberdade e surgem-me as coisas mais mirabolantes que possam imaginar, desde... Gostava de pintar o cabelo de vermelho (feito), decorar a casa de novo (feito), pintar paredes (feito), plantar batatas (feito), semear flores, acho que até levo jeito para jardineira (feito e confirmado que não)....
Ou outras como arranjar um carro antigo, comprar uma casa de pedra, fazer um interrail, arranjar mais animais, tirar outro curso... e vou pensando nos "e se eu tivesse sido", ou "e se eu tivesse ido ou feito"... o que acontece é que são tudo ideias que faziam sentido naquela situação, naquele momento, naquele contexto... agora e neste caso pareço uma adolescente a tentar reviver os momentos perdidos e os "se" deixados para trás.
Esta viagem tem sido uma oportunidade de dar com a cabeça contra a parede, de reviver expectativas e sonhos passados, de tentar perceber quem sou, onde quero chegar ... enfim de estar mais comigo mesma e de... por não ter mais nada com que me distrair e fugir... de ter que me conhecer!
Estava habituada a ter o meu tempo 270% ocupado, sem tempo para tomar refeições completas, sempre em correria constante de um lado para o outro envolvida em mil e duzentos projectos e claro sempre com a ideia de que iria mudar o mundo.
Hoje já não é assim... para começar tomo refeições à mesa, sendo todas completas com sopa, prato principal, prato secundário e sobremesa. Ao almoço vou a casa dos meus avós e faço-lhes companhia, o que sobra fica para o jantar. O meu avô está habituado a comer massa ou arroz acompanhados de batata, mais a carne e mais a salada. Para mim são dois pratos e normalmente escolho a massa para o almoço e as batatas para a noite (deveria fazer ao contrário eu sei mas gosto mais de massa, logo como mais).
Só por aí tenho engordado bastante desde que aqui estou, pois não gasto estas calorias, ou porque o trabalho não exige muito desgaste nem esforço físico, ou porque o horário é cumprido (coisa que antes me parecia utópico... hoje é mesmo tipo função pública:9h-17h com várias pausas para café e conversa).
Nos meses de Março, Abril e Maio a minha rotina semanal, a seguir ao trabalho era:
Segunda:
Hidroginástica e Cinema
Terça
Atelier de Pintura e Artes decorativas
Quarta
Hidroginástica
Quinta
Atelier de Pintura e Artes decorativas
Sexta
Viagem para a Capital
Agora a Hidroginástica está fechada para férias, só reabre em meados de Setembro. O Atelier é com uma colega de trabalho que foi perdendo a motivação e acho que também a paciência de me ensinar e aturar. (ok confesso sou uma aluna difícil)
As viagens vão sendo mais raras pois os custos são muito elevados e o cinema só existe nas 6ªFeiras, Fim de semana e 2ªFeira.
Assim saio às 17h e tenho precisamente 16 horas em que não faço nada... E sinceramente há dias em que não me apercebo de onde perco tempo, porque ele passa a correr e nem o vejo (literalmente)!
Assim vou pensando em que fazer com tanta liberdade e surgem-me as coisas mais mirabolantes que possam imaginar, desde... Gostava de pintar o cabelo de vermelho (feito), decorar a casa de novo (feito), pintar paredes (feito), plantar batatas (feito), semear flores, acho que até levo jeito para jardineira (feito e confirmado que não)....
Ou outras como arranjar um carro antigo, comprar uma casa de pedra, fazer um interrail, arranjar mais animais, tirar outro curso... e vou pensando nos "e se eu tivesse sido", ou "e se eu tivesse ido ou feito"... o que acontece é que são tudo ideias que faziam sentido naquela situação, naquele momento, naquele contexto... agora e neste caso pareço uma adolescente a tentar reviver os momentos perdidos e os "se" deixados para trás.
Esta viagem tem sido uma oportunidade de dar com a cabeça contra a parede, de reviver expectativas e sonhos passados, de tentar perceber quem sou, onde quero chegar ... enfim de estar mais comigo mesma e de... por não ter mais nada com que me distrair e fugir... de ter que me conhecer!
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Dicionário Interiorês
Tenho o hábito terrível de apanhar facilmente os sotaques e acentuações linguísticas... Hábito este que, por vezes, é vantajoso pois me permite aprender mais facilmente uma língua e ser entendida, o problema é quando retorno à base e depois pareço aquelas emigrantes que vão 2 semanas para fora e esquecem o português.
Este fim de semana estive no Porto e apanhei o "anda aqui à minha beira" ou "senta-te à minha beira" assim como o prolongamento na pronúncia das palavras e claro as asneiras terminadas em alho e por aí fora. Delicio-me a ouvir as pessoas falar com sotaque, acho mesmo natural e genuíno.
Nos primeiros tempos que vim para aqui admirava-me cada vez que ouvia alguém falar e pensava: "olha aquela é do interior" depois caía em mim e percebia que eu é que estava no interior e a estrangeira devia ser eu. Uma das vezes foi na Mc'Donalds da cidade mais perto e por ser um restaurante com um ambiente tão familiar e padronizado até me esqueci de onde estava, até que a sra. me diz:
-Dexculpe o que bai dexechar a meunina?
(Parece que arrastam os ssss)
Fiz o pedido e no fim ela respondeu:
-Bolte sssempre e Orólhe a conta na se esquecha
A amabilidade é também ela outra, verdade seja dita.
Outra coisa estranha que me acontecia era também em restaurantes e eventos sociais em que estamos distraídos numa actividade outrora habitual na capital e olhamos para as janelas e de repente observamos: montanhas, pinheiros, vacas, ovelhas e tudo verde com as pedras ao fundo... Nos primeiros impactos pensa-se "olha que giro, até parece o campo" depois lembramo-nos que o é de facto.
Agora, passado quase 7 meses, aqui vos deixo um mini dicionário da lingua interioresa:
No Interior diz-se: Tradução
-Vasal -Armário
- Fonte -Travessa
-Apeguilho -Acompanhamento do pão (exºqueijo)
Vou tentar ir actualizando-o à medida que for conhecendo mais algumas.
E terminando com uma frase muito característica e comum neste meio "bem tenho q'ir adiante." (Significa ir embora, antes ficava à espera que me indicassem onde iam, tipo que fosse ali perto e pensava ser um convite para os acompanhar... depois percebi que era uma forma de me despachar).
Este fim de semana estive no Porto e apanhei o "anda aqui à minha beira" ou "senta-te à minha beira" assim como o prolongamento na pronúncia das palavras e claro as asneiras terminadas em alho e por aí fora. Delicio-me a ouvir as pessoas falar com sotaque, acho mesmo natural e genuíno.
Nos primeiros tempos que vim para aqui admirava-me cada vez que ouvia alguém falar e pensava: "olha aquela é do interior" depois caía em mim e percebia que eu é que estava no interior e a estrangeira devia ser eu. Uma das vezes foi na Mc'Donalds da cidade mais perto e por ser um restaurante com um ambiente tão familiar e padronizado até me esqueci de onde estava, até que a sra. me diz:
-Dexculpe o que bai dexechar a meunina?
(Parece que arrastam os ssss)
Fiz o pedido e no fim ela respondeu:
-Bolte sssempre e Orólhe a conta na se esquecha
A amabilidade é também ela outra, verdade seja dita.
Outra coisa estranha que me acontecia era também em restaurantes e eventos sociais em que estamos distraídos numa actividade outrora habitual na capital e olhamos para as janelas e de repente observamos: montanhas, pinheiros, vacas, ovelhas e tudo verde com as pedras ao fundo... Nos primeiros impactos pensa-se "olha que giro, até parece o campo" depois lembramo-nos que o é de facto.
Agora, passado quase 7 meses, aqui vos deixo um mini dicionário da lingua interioresa:
No Interior diz-se: Tradução
- Nagalho -Atacador
- Gadanha -Concha de sopa
-Dincouro -Despido
-Sertã -Frigideira-Dincouro -Despido
-Vasal -Armário
- Fonte -Travessa
-Apeguilho -Acompanhamento do pão (exºqueijo)
E terminando com uma frase muito característica e comum neste meio "bem tenho q'ir adiante." (Significa ir embora, antes ficava à espera que me indicassem onde iam, tipo que fosse ali perto e pensava ser um convite para os acompanhar... depois percebi que era uma forma de me despachar).
domingo, 11 de julho de 2010
Café ao Domingo
A minha avó é uma castiça, hoje convidou-me para irmos tomar um café ás bombas de gasolina (local chique, do mais fino que existe se comparado com a oferta, leia-se tabernas) até porque foi Domingo e nesse dia toda a gente vai à missa, traja a melhor roupa e depois de almoço vai ás bombas tomar café. Perguntou-me quanto seria pelos cafés e eu disse-lhe que devia ser um euro, reclamou que acha caro, mas como é Domingo e ela queria muito ir decidiu manter a oferta.
Seguimos para lá, vêem-se as pessoas do costume (até porque ninguém se desloca ali a menos que necessite de combustível) e cumprimenta-se toda a gente, pois é sinal de boa educação. Entramos e pedimos dois cafés, um para cada uma e a sra. traz os cafés como é habitual a meio da chicara pois é uma bica, a minha avó olha para o café e diz logo rapidamente:
-200 escudos e nem vem numa caneca cheia! Mal empregado dinheiro.
Ora toma!
Seguimos para lá, vêem-se as pessoas do costume (até porque ninguém se desloca ali a menos que necessite de combustível) e cumprimenta-se toda a gente, pois é sinal de boa educação. Entramos e pedimos dois cafés, um para cada uma e a sra. traz os cafés como é habitual a meio da chicara pois é uma bica, a minha avó olha para o café e diz logo rapidamente:
-200 escudos e nem vem numa caneca cheia! Mal empregado dinheiro.
Ora toma!
sábado, 10 de julho de 2010
Mentalidades II
No outro dia, estava a regressar do trabalho e decidi passar pelo meio do povo, sempre se vê mais gente... encontrei uma sra. que é mãe de uma rapariga da minha idade e que tem 3 filhos e está emigrada. E conversa puxa conversa lá foi perguntando da minha família e que sabia que a minha irmã mais nova já tinha uma menina, que já está crescidinha e a família vai aumentando e... até que me disse:
-E já soube da novidade...
- Pois é a minha prima também vai ter um bébé (disse-lhe eu)
- Não, eu queria era dar-te os Parabéns, já me contaram que ESTÁS GRÁVIDA!!!
Já lhe contaram... mas que raio andam a falar as pessoas aqui da aldeia?! Ok, eu sei que engordei. Mas poupem-me, se querem saber alguma coisa sejam mais directos... pensei logo em responder-lhe algo como "pois e você está MAIS VELHA" ou algo assim. Respirei fundo e disse que não, apenas estava um bocadinho mais gorda, mas que ainda não pensava ter filhos para já. E eis que ela me diz:
-Olha que já não tens muito tempo!
Mas a mulher tá parva ou quê?!!! (Pensei eu.)
Meti-me no carro e fui danada até casa a pensar que sou a encalhada da aldeia (não que haja muita gente com quem concorrer no concurso dos encalhados do ano) mas para esta gente eu tenho algum problema...
Tenho namorado, tenho planos futuros, tenho emprego, tenho uma profissão... e tenho uma sobrinha, um cão, uma tartaruga, um peixe.. enfim já tenho descendência (ok é indirecta ... mas é).
O governo devia era financiar o Meo ou a CaboVisão a esta gente...
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Ofereceram-me Azeite
Estou a acompanhar uma situação familiar a nível do domicílio, em termos profissionais consiste em fazer uma visita semanal e saber como estão as pessoas e como tem sido a evolução, por aí fora.
Aqui neste ambiente mais familiar e modesto as pessoas sentem-se em dívida para quem trabalha ou mostra alguma preocupação (coisa que não é nada mais do que o meu trabalho) e tentam agradecer oferecendo algo em troca.
Neste caso a sra. esteve a mostrar-me a casa e quis que comesse chocolates, que tomasse um chá, que comesse um pão com queijo... enfim e continuava a insistir mas eu, por motivos éticos não poderia aceitar. Para que mudasse de assunto resolvi dizer-lhe para irmos dar um passeio e conversarmos enquanto andávamos, pois estava o tempo agradável.
Descemos as escadas e foi mostrar-me os animais que tinha (coelhos, galinhas, cães, um burro e um porco) entretanto começou a oferecer-me os animais e eu insistia que não queria, fomos ver os coelhos que tinham parido recentemente e perguntou-me se queria um coelho?! Confesso que eram tão fofinhos que fiquei tentada a dizer que sim, já me imaginava a criar um coelhinho e fazer festinhas, são mesmo fofinhos e cabem na palma da mão de tão pequenos... mas resisti e afirmei que não era necessário, que agradecia muito mas que não tinha espaço para ele.
Ela logo prontamente disse:
- mas só lho ia dar depois de crescido, já morto para fazer um belo arroz de coelho.
Que horror!!! que brutalidade (pensei eu)
De seguida ela disse:
-Só se quiser que lhe mate já um, leva um destes maiores.
-Não, não deixe estar, a sério. Obrigada (respondi eu)
-Olhe das duas uma ou leva o coelho que vou matar ou leva um litro de azeite
-ok o litro de azeite!
E foi assim que destruindo toda a minha ética e moral saí de casa dela com um litro de azeite... mas a vida daquele coelho pareceu-me mais importante...
se bem que sei que não será longa, mas....
Aqui neste ambiente mais familiar e modesto as pessoas sentem-se em dívida para quem trabalha ou mostra alguma preocupação (coisa que não é nada mais do que o meu trabalho) e tentam agradecer oferecendo algo em troca.
Neste caso a sra. esteve a mostrar-me a casa e quis que comesse chocolates, que tomasse um chá, que comesse um pão com queijo... enfim e continuava a insistir mas eu, por motivos éticos não poderia aceitar. Para que mudasse de assunto resolvi dizer-lhe para irmos dar um passeio e conversarmos enquanto andávamos, pois estava o tempo agradável.
Descemos as escadas e foi mostrar-me os animais que tinha (coelhos, galinhas, cães, um burro e um porco) entretanto começou a oferecer-me os animais e eu insistia que não queria, fomos ver os coelhos que tinham parido recentemente e perguntou-me se queria um coelho?! Confesso que eram tão fofinhos que fiquei tentada a dizer que sim, já me imaginava a criar um coelhinho e fazer festinhas, são mesmo fofinhos e cabem na palma da mão de tão pequenos... mas resisti e afirmei que não era necessário, que agradecia muito mas que não tinha espaço para ele.
Ela logo prontamente disse:
- mas só lho ia dar depois de crescido, já morto para fazer um belo arroz de coelho.
Que horror!!! que brutalidade (pensei eu)
De seguida ela disse:
-Só se quiser que lhe mate já um, leva um destes maiores.
-Não, não deixe estar, a sério. Obrigada (respondi eu)
-Olhe das duas uma ou leva o coelho que vou matar ou leva um litro de azeite
-ok o litro de azeite!
E foi assim que destruindo toda a minha ética e moral saí de casa dela com um litro de azeite... mas a vida daquele coelho pareceu-me mais importante...
se bem que sei que não será longa, mas....
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Aliens
Estamos a preparar a Festa de São João, uma festa popular que vai ser vivida com muita animação e como, para variar, deixamos tudo para o fim, assim estive com uma colega até à 00h30 a terminar os preparativos.
Sai de casa dela e fui para minha casa, ao chegar ao portão olho para o céu e vejo uma estrela cadente muito forte mas juro que era em tons esverdeados e tão clara que me pareceu ter caído na minha vinha.
Estava sozinha e comecei a pensar em extraterrestres, em quedas de meteoritos, em satélites... eu sei lá acho que até no big bang eu pensei. A verdade é que fiquei cheia de medo e a tremer toda.
O telefone toca, era o namorado e senti-me aliviada de falar com alguém, ele como é óbvio gozou comigo mas fez-me companhia até me acalmar. Lá me fez entender que se tivesse caído alguma coisa do céu teria provocado uma cratera enorme e estremecido o chão, logo não podiam ter caído na minha vinha...
Entretanto vou a net e lá encontro informação sobre uma chuva de estrelas característica nesta altura do ano e prevista para essa noite, nomeadamente lia-se na Revista "Ciência Hoje"
"Pequenos meteoros brilhantes vão ser visíveis na próxima terça-feira, se o tempo o permitir, numa chuva de estrelas visível sobretudo na Ásia e que é provocada pela entrada na atmosfera terrestre de restos de cometas. Trata-se daquilo a que vulgarmente chamamos estrelas cadentes e que são restos deixados pelos cometas na sua órbita em volta do Sol em locais que a Terra atravessa periodicamente, segundo disse à Lusa o astrónomo e biólogo Pedro Ré.
Embora se possam fazer observações em Portugal, os melhores locais serão a Ásia central e oriental, se o céu não estiver nublado.
Chama-se Leónidas a este fenómeno anual, em que a Terra segue numa determinada direcção no seu movimento de translação e os meteoros vêm da direcção da constelação de Leão (Leo), sendo alguns deles bastante brilhantes."
Correcção Sr. Pedro Ré o melhor sitio para as ver é do meu portão....
E para que todos saibam a Ásia parece ser já na minha vinha... será que este ano em vez de vinho dá Saquê?!
quarta-feira, 3 de março de 2010
Ovelhas
Hoje tenha mais uma aventura para contar...
Chego eu do trabalho, onde exerço uma posição social com alguma exigência a nível da apresentação (não que a respeite, mas aqui um dos critérios de inteligência é a roupa que usas e não o que sabes... mas divagações à parte) e venho com os meus saltos altos e calcinha vincada com casaquinho a combinar e os meus avôs não estão em casa... o que é estranho pois já estava a escurecer.
Decidi telefonar-lhes para o telemóvel (sim já têm e sabem atender e chamar alguns números) e o meu avô diz-me que foi ajudar um vizinho a ensacar as batatas (o que significa que o sr. conseguiu que alguém lhe comprasse batatas e é preciso selecciona-las e coloca-las em sacos de 20 kg). E pediu-me se lhe podia arrecadar as ovelhas (o que significa que elas estão num terreno a pastar e é preciso levá-las para a côrte- local onde ficam a dormir, também designado de cabanal).
E lá vou eu toda airosa e pensando que os meus avôs paternos eram pastores, logo poderia ter herdado algum talento, para além disso o meu signo é carneiro e tudo indicava que seria tarefa fácil, inclusivamente já tinha visto o meu avô a ir buscá-las e bastava fazer um som como um "cleck cleck" que se consegue deixando passar algum ar para dentro entre a língua e os maxilares, como se fosse um estalo (algo simples na realidade, não é nenhuma ciência, nem talento para meus males).
E são 5 ovelhas, não é propriamente um rebanho... Abro a cancela e faço o tal som para que me sigam.... nada disto aconteceu desatam cada uma a correr para seu lado, já fora da cancela e perto da estrada nacional... eu tento pará-las, chamo-as (apenas sei o nome de uma que é a rosita, as outras são filhas, netas e um enteado). Nenhuma me liga e correm ainda mais e nesse momento começa a chover mas mesmo a trovejar e chuva forte... começo a desesperar corro feita doida atrás delas e os pés enterram-se na lama, os meus saltos altos ficam nojentos, as minhas calças e estou a ficar toda molhada...
Agarro num pau que lá está e continuo a correr, tento encurrala-las e voltar a po-las dentro da cerca mas não consigo... pareço uma doida... e acho que já perdi algumas, deixa ver 1..2...3.4.. e a outra? Será que está na estrada?
Encontrei-a e percebi que as outras a seguiam, era o carneiro (o tal enteado da rosita), pelo menos acho que é pois não parece ter tetas e tem uns cornos maiores... neste momento tudo vale, observo-o e tento que se aproxime de mim, largo o pau para que não se assuste e finjo dar-lhe comida. Quando se aproxima agarro-o pelos cornos (sim sujeita a levar uma marrada, mas nesta hora já estava a desesperar) e fui-o encaminhando para a côrte, as outras seguem-nos. Ele bem se debate mas eu estou quase em cima dele e agarro-os com os dois braços, com toda a minha força, puxo-o para baixo, pareço uma toureira e só que em vez de touro mecânico seguro-me ao carneiro furioso e molhado.
Consegui leva-las todas para o sitio indicado e quando finalmente fechei a porta percebi que tinha corrido um risco enorme, que podia ter corrido mal e que os talentos não são herdados são trabalhados e até pode ser que tenha o bichinho da vida pastoril mas... tão cedo não me volto a arriscar!!
Foi uma aventura e sobrevivemos, pelo menos eu... elas por mais uns dias depois foram cozinhadas! Mais valia terem fugido naquela tarde chuvosa...
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Mentalidades
Como já devo ter dito os meus avós residem aqui perto e essa proximidade tem sido muito estranha... é bom estar com eles, mas como nos víamos uns fins de semana de mês a mês, quando vinha passar as férias escolares ... eles não percebem que tenho uma idade diferente e que já sou "crescida". Ficam preocupados e as mudanças gerem-lhes muita confusão.. o que é normal nas suas idades.... mas não na minha!
No outro dia o meu avô virou-se para mim e disse:
-Filha, se quiseres sair o avô deixa-te ir ao café um bocadinho ao Domingo à tarde.
O QUEEEEEEE???
Estão a imaginar a minha cara?! Sim até porque mesmo que queira sair não existe muito onde ir e este "café" entenda-se que é uma taberna de aldeia com cerca de 4 a 5 homens com média de idades 68 anos e com uma taxa de alcoolémia superior a 0.5 mg/l
Estou feita...
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Manual da Lareira
Aqui estou eu e logo em Janeiro é que fui começar este emprego... Talvez me tenha esquecido de referir mas esta aldeia chega a atingir temperaturas negativas durante o Inverno, aliás é uma das zonas mais frias de Portugal Continental.
Daí o nome deste blog: "Conversas da Lareira", esta foi uma das primeiras coisas que tive que começar a aprender - a acender a fogueira e pior a mantê-la acessa, sem as acendalhas... acreditem não é fácil.
Manual da Lareira:
1º Ter lenha seca disponível (o que os meus avós facilitaram)
2º Começa-se a encavalitar a lenha, 1º a mais miúda (termo utilizado para designar ramos, pequenos paus, jiestas e pinhas), depois as cavacas e cepos (termo utilizado para troncos de árvores);
3º Fósforos para acender as pinhas e depois ir mantendo lenha, não muita para deixar respirar e não pisar a lenha miúda, senão apaga-se;
4º ir soprando e se possível ter alguma corrente de ar se a lareira não fumegar (termo utilizado para a saída do fumo provocado pelo fogo)
Para além disso é necessário referir que apenas fica quente a cozinha (local onde tenho lareira) para além de ser onde passo mais tempo a cozinhar, lavar a louça e ver televisão (que só apanha a SIC e é de vez em quando).
Antes de ir para a cama é necessário aquecer água e preparar o saco de água quente...
A roupa fica toda com cheiro a fumo, mas com o frio que faz e como raramente pára de chover não a posso lavar pois não tenho máquina de secar a roupa e vou ter que adquirir um estendal... Também o bom do frio é que se perde o olfacto... ou será que fui só eu e ando a cheirar mal?!
Ninguém nos prepara para o frio, em casa não adianta usar roupa, lá fora está um frio que gela completamente o corpo e a alma, só para terem uma ideia fiquei com cieiro nos lábios e daí passou para o queixo... que como se supõe é uma imagem horripilante... mas a vantagem deste frio é que se pode usar cachecol e disfarçar estas mazelas que nos revelam as fragilidades de quem já não tem imunidade a estas temperaturas... Será que perdi o olfacto porque o tapo com o cachecol.... oh não por favor digam-me que não cheiro mal!!!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Spooky lella
Ora bem a citadina lá começa o seu trabalho...
1º dia sem stress conhecer colegas e equipa, não simpatiza muito e para variar faz os seus preconceitos iniciais e ideias pré-concebidas que nunca correspondem à realidade... engano-me sempre.
Lá vou conhecer algumas pessoas com quem trabalhamos e eis que me deparo com uma casa de etnia cigana, com uma cachorra acabada de ser mãe há alguns mesitos e com uns lindos e fofos cachorritos a deambular, batemos à porta e não está ninguém em casa, os cachorrinhos aproximam-se e são TÃOOOO FOFOS.
Como expliquei vivo sozinha e já andava a pensar em arranjar um cão (claro que pensei em cães de raça, tipo São Bernardo, Dogue Alemão... quanto maior melhor, pois mais me protegia)... mas aqueles olhitos a me fixarem e aqueles guinchinhos de cachorrinhos abandonados... fui para casa mas juro que não consegui adormecer sem me lembrar deles e na semana seguinte volto lá para uma "visita".
Vou com uma colega de trabalho e começo a fazer-lhe o choradinho para ver se ela pedia um cão porque eu estava com vergonha... mas ela percebeu logo e pediu-o, só já haviam 3 e levei a mais felpuda e com caracolinhos que veio ter comigo...
Pois é, e quem me conhece sabe que contei outra história... está na hora de dizer a verdade...
Eu inventei aos meus avós que os donos a queriam matar e que era a única que sobrava... para dar um pouco mais de drama à história... mas na realidade era a mais linda e não será de todo mentira que estaria em risco de morte pois estava perto da estrada e ao frio...
Hoje é a perdição dos meus avós. levam-na para todo o lado, sobe no tractor e faz-lhes mais companhia que eu... acho que ganharam uma neta e eu uma amiga, é a cadelinha mais engraçada que existe e apesar de pequena tem alma de leão. É alerta, ladra e morde é uma fera com dentes afiados e a minha companhia guardiã.
E só para curiosidade o seu nome é:
Spooky Lella Prisca Andorinha Ligeira Mel
Uma princesa Canina
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Propósito deste Blog
E era uma vez... bem poderíamos dizer. Então tudo começa com uma proposta de emprego, uma oportunidade de mudar de vida e começar de novo uma história que era velha e do passado...
Vamos tentar falar com lógica e seguir uma linha temporal, nasci numa aldeia do centro de Portugal, local de maravilhas e amizades, num meio pequeno mas acolhedor que foi o meu refugio, o meu paraíso o meu mundo, pois não conheci mais nenhum até aos meus 11 anos, altura em que, devido a uma proposta de emprego para a minha mãe nos mudámos de malas e bagagens para a cidade.
Cerca de 17 anos passam-se e eis que me surge a mim uma oportunidade de emprego reversa, ou seja eu a voltar para a aldeia, com a minha licenciatura completa e alguma experiência no mundo do trabalho... E é assim que surge este blog, com as aventuras e desventuras de uma meia citadina e urbana, meia aldeã, perdida entre estes dois mundos e que tem muito para contar.
Escusado será dizer que aceitei a oferta de emprego e cá estou numa aldeia com pouco mais de 60 habitantes (maior parte familiar) no interior do País ... e eis que me pergunto se a citadina em mim se irá adaptar...
Fiquem para acompanhar
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